O projeto 2Africa junta um consórcio de oito parceiros, com empresas de telecomunicações e a Meta, a empresa mãe do Facebook.  É o maior cabo submarino do mundo, com 45 mil quilómetros de extensão e vai ligar 33 países, dos quais cinco na Europa, 19 em África, sete no Médio Oriente e dois na Ásia.

Portugal é um dos pontos de amarração do cabo, tornando-se uma das portas de entrada na Europa. A ligação ficou esta manhã completa na Estação de Cabos Submarinos de Carcavelos, da Altice, o que reforça o posicionamento de Portugal como hub estratégico europeu de telecomunicações.

O projeto foi reconhecido como "ação de relevante interesse público". O despacho em Diário da República indica que "através da instalação deste cabo de telecomunicações, que irá atravessar perpendicularmente a praia de Carcavelos e amarrar na câmara subterrânea atualmente existente no passeio marítimo a sul da Avenida Marginal.

Pretende-se assim aumentar a conectividade digital internacional de Portugal", refere o despacho, salientando que "o atraso ou a não concretização deste tipo de projetos poderá traduzir-se numa perda de competitividade de Portugal, face a outros países, na captação destes investimentos, numa altura em que a resiliência destas infraestruturas se assume de importância fundamental em termos económicos e geoestratégicos".

O consórcio do projeto une a Bayobab, o Center3, a China Mobile International, a Meta, a Orange, a Telecom Egypt, o Vodafone Group e a WIOCC. A Altice é o landing provider por via da estação de cabos submarinos em Carcavelos, e a Alcatel Submarine Networks (ASN) é responsável pela fabricação e implementação do cabo.

Paulino Corrêa, Chief Network Officer da Vodafone Portugal, adianta que “a chegada a Portugal do cabo 2Africa, o maior cabo submarino de fibra do mundo, reforça a importância estratégica do país – sobretudo pela sua localização privilegiada – para este tipo de infraestruturas fundamentais às comunicações nacionais e internacionais, potenciando a digitalização de empresas, instituições e clientes particulares. A Vodafone associa-se orgulhosamente a este projeto que faz de Portugal uma peça fundamental no desenvolvimento tecnológico, reforçando ainda mais a ligação do País ao mundo”.

Portugal tem garantido a amarração de vários cabos submarinos e em 2022 foram anunciadas parceiras para a amarração do cabo submarino Equiano e do Medusa, em Sesimbra e Carcavelos, respetivamente, assim como a parceria com a ThothX, para a reativação de um teleporto em São Miguel, nos Açores.

"A posição geográfica de Portugal apresenta um conjunto de vantagens em termos de conetividade e de ecossistema de cabos submarinos. Lisboa apresenta-se como a capital europeia mais próxima de África e Portugal enquanto o país europeu mais próximo da América Latina e também de uma grande parte dos EUA. A nossa localização geográfica ganha, por isso, relevância estratégica na interligação com a Europa e com o mundo, e reforça a nossa posição enquanto player no mapa das comunicações submarinas", explica Ana Carla Sousa, Diretora da Altice Wholesale Solutions. Recorde-se que a Altice fez no ano passado um investimento num centro de interligação de redes internacionais, o Altice LdV, através do qual pretende explorar o potencial destas ligações.

A dimensão do cabo 2Africa, e a ligação a vários pontos relevantes de África, é um dos elementos relevantes deste projeto que é conhecido também como o "cabo Facebook" pela ligação à Meta. O desenvolvimento do cabo começou em 2020 e a primeira amarração do 2Africa foi em Itália, mais concretamente em Genoa, ainda em 2022, mas desde essa data a ligação já foi feita em mais de 28 locais, o último dos quais na Gran Canária, a ilha espanhola.  Depois de Portugal segue ainda a amarração no Reino Unido.

Ligar o mundo inteiro

O 2Africa faz parte do projeto da Meta para "ligar o mundo inteiro", como foi explicado ao SAPO TEK por Kevin Salvadori, vice presidente de Network Investments do Facebook, em entrevista em 2021. 

2Africa: Facebook alarga investimento que suporta sonho de ter todas as pessoas do mundo ligadas
2Africa: Facebook alarga investimento que suporta sonho de ter todas as pessoas do mundo ligadas
Ver artigo

Em 2013 Mark Zuckerberg escreveu um manifesto de 10 páginas defendendo que a conetividade é um direito humano e que todas as pessoas devem ter o direito de estar ligadas, um conceito que vai muito além de publicar fotografias ou fazer comentários nas redes sociais e que tem também uma expressão na inclusão social e económica. A meta definida é ambiciosa e o fundador da rede social, que para muitos se confunde com a própria internet, acredita que um dos grandes desafios da nossa geração é garantir o acesso aos milhares de milhões de pessoas que continuam offline, o que se tornou o mote de várias iniciativas que a empresa desenvolve.

Depois de ter lançado em 2013 uma aliança que pretendia levar a internet a mais 5 mil milhões, a empresa colocou as mãos no terreno e em 2018 foi criado o Facebook Conectivity, uma iniciativa para ajudar a desenvolver redes de comunicações que cheguem a zonas remotas e garantam maior velocidade e desempenho no acesso à internet. Na base está o  financiamento e promoção de projetos inovadores de instalação de fibra óptica, onde entra um robot especialista em escalagem, o acesso por satélite ou drones e também tecnologia de melhoria da performance das redes.