Foi a primeira vez que as tecnologias do espaço e, em particular, a capacidade associada de observação da terra, foram colocadas na agenda da Cimeira do Clima das Nações Unidas. O encontro da COP28 juntou líderes das agências espaciais de todo o mundo, com o objetivo de reforçar a sensibilização da opinião pública e dos decisores políticos para o papel que o espaço desempenha na monitorização das alterações climáticas e promover atividades espaciais sustentáveis.

“Ter entrado na agenda significa o reconhecimento da importância destas tecnologias para a utilização de novas abordagens para se obter mais e melhor informação sobre a complexidade das dinâmicas do clima”, referiu ao SAPO TEK Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, que representou Portugal no evento.

Durante a cimeira foram abordados essencialmente dois desafios fundamentais, incluídos no acordo final assinado entre as agências espaciais, um deles sobre a necessidade de fomentar uma política aberta para a partilha de dados de observação da terra. O objetivo é remover as barreiras para o desenvolvimento de aplicações, promovendo simultaneamente a pesquisa e desenvolvimento de novos sensores, novas plataformas numa lógica de partilha essencialmente com países com menos recursos, sublinhou Ricardo Conde.

O debate esteve também centrado na necessidade de uma coordenação internacional para a utilização sustentável do espaço exterior, face aos problemas de congestionamento provocados pelo elevado número de satélites lançados nos últimos anos e com a perspetiva de lançamento de mega constelações, assim como a probabilidade de colisões em órbita devido ao aumento do lixo espacial.

“Esta é uma condição essencial para se continuar a utilizar futuramente o espaço para colocação de novos sensores para a observação da terra assim como a possibilidade de exploração espacial segura”, apontou o responsável da agência espacial portuguesa.
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Ricardo Conde garantiu que Portugal vai ter um papel ativo nestas duas componentes. Para promover a utilização de dados abertos de observação da terra pretende lançar o portal GeoHUB, uma iniciativa da Agência, a partir de 2024.

Na sustentabilidade da utilização do espaço exterior, está a ser organizada uma parceria entre a Agência Espacial Portuguesa e as Nações Unidas, para 14 e 15 de maio de 2024, em Lisboa, a conferência mundial sobre a Sustentabilidade da utilização do espaço exterior – Management and Sustainability of Outer Space Activities.

O objetivo é “promover o debate internacional para a implementação de práticas de sustentabilidade do espaço exterior, à escala global”, acrescentou o presidente da agência espacial portuguesa.