A Schneider Electric está a realizar a conferência anual Digital Innovation Summit, entre os dias 2 e 3 de outubro, em Barcelona, com uma visão sobre como utilizar as energias renováveis para “salvar o planeta”. O CEO da empresa, Jean-Pascal Tricoire, destacou no seu keynote que a Schneider promete um ganho de mais eficiência, entre os 30 a 50% de energia, nas suas soluções para os edifícios inteligentes. Até 2040 pretende reduzir 50% das emissões de carbono, com foco na energia solar e eólica.
O plano principal é duplicar os meios elétricos, reforçando que este é o único caminho para descarbonizar o planeta. Jean-Pascal refere que, atualmente, apenas 20% do mundo aproveita a energia elétrica, número que pretende duplicar nos próximos 20 anos.
A inovação digital é também uma estratégia da empresa, comparando-a com a forma como a internet entrou nas vidas das pessoas e empresas. Nesse sentido, o passo seguinte é a conexão de máquinas a pessoas, ou seja, a Internet das Coisas, a inteligência artificial, Big Data e 5G como as próximas grandes inovações no campo da digitalização, seja em casa ou nos edifícios das empresas.
Como parte da estratégia e soluções, a Schneider Electric pretende fazer quatro integrações principais. O primeiro diz respeito à Energia/Automatização, que segundo a empresa é o pilar da estratégia de eficiência, permitindo ganhar tempo e prever eventuais situações e problemas que os técnicos possam encontrar. Através desta integração, a empresa refere que 90% dos poluentes serão removidos, mas mantendo por exemplo, os nutrientes da água, para que possam ser utilizados na agricultura.
Na segunda integração, a empresa pretende ligar elementos como Big Data, da Cloud para o End Point. Só assim, segundo a Schneider, se consegue ter a capacidade de vigiar os assets 24/7, poupando-se desperdícios e poupando cerca de 30% de energia. O terceiro ponto da integração diz respeito ao design, construção, operação e manutenção, e para isso a empresa desenvolveu um software completo para a indústria de construção, através da sua empresa parente Aveva. Todos os funcionários passam a ter acesso a um único repositório de funções. O objetivo é controlar máquinas para otimizar processos.
Por fim, a quarta integração diz respeito à gestão integrada da empresa “site-by-site”, ou seja, através da sua solução é possível encontrar os melhores fornecedores, aumentando desta forma o nível de competitividade. A Schneider deu como exemplo a Adnoc, a 12ª empresa petrolífera do mundo, que reduziu os custos, aumentou a sua eficiência, resultando em mais produção de petróleo. A tecnológica afirma que as empresas “otimizadas” demostraram resultados entre os 5-15% em três ou quatro semanas.
A empresa destaca ainda como a digitalização permite uma maior personalização nos negócios, apelando que cada cliente é único. A sua estratégia tem as pessoas como foco, capacitando-as para os desafios do digital, seja através de sistemas de realidade aumentada e virtual, adoção de inteligência artificial, assim como suporte em antecipação, segurança e simulação de desafios. “O papel da Schneider é conectar as máquinas em torno das pessoas, e dessa forma melhorar as suas vidas”, remata o CEO da empresa no seu discurso.
Mais tarde, na conferência de imprensa, questionado sobre como fazer da eletricidade um meio de sustentabilidade, Jean-Pascal afirma que a energia já faz parte das nossas vidas há décadas. Mas a nova geração refere-se à forma como se armazena essa energia e conseguir obter mais dos meios renováveis. Uma das formas é poupar energia, enquanto se descarboniza. E para tal, a “orquestração” necessita ser coordenada e centralizada. “A indústria está no ponto de introduzir os meios digitais e elétricos mais rapidamente”, afirma, destacando que o digital é o maior espaço de colaboração onde se pode fazer a diferença.
A Schneider cresceu na última década no campo digital, e pretende agora fornecer aos seus parceiros e clientes a tecnologia, como serviço, para a sua digitalização. “Somos uma empresa tecnológica, acima de tudo”. O CEO da empresa afirma que a maioria das empresas têm consciência da mudança e estão a convergir na mesma direção. E mesmo que alguns líderes não compreendam a situação atual do planeta e como necessitam de agir; para se tornarem competitivas no futuro vão ter mesmo que “entrar neste barco”.
Confrontado com guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, e como isso está a moldar o mundo, o CEO da Schneider refere que não está aqui para discutir política, mas ressalva que pretende estar presente nos locais, e configurar a sua estratégia para cada região e ajustar as suas necessidades energéticas de país para país. Em cada país em que opera, a empresa recruta localmente, pois são essas pessoas que conhecem a realidade local, mantendo-os conectados.
Ainda que não se meta em política (refere que é um dos segredos por estar nos negócios da empresa há 33 anos), o CEO da empresa refere que os governos não devem bloquear a tecnologia. “Na Schneider colocamos um preço no carbono e é isso que apresentamos aos governos”, justifica. “Passo a passo estamos a atingir uma paridade, colocando o negócio das energias renováveis online” e ainda segundo o CEO, as pessoas falam em nuclear, não nuclear, petróleo e isso tem gerado muitos debates. Mas acrescenta que já está provado que é fácil de introduzir sistemas de energia elétrica, pois a eficiência energética é a forma mais verde de obter energia.
“Muitos técnicos afirmam que os edifícios são 80% não eficientes e as cidades 60%, mas com os nossos sistemas de otimização conseguem-se poupanças que depois podem servir para aumentar os salários dos funcionários, por exemplo”, conclui o líder da Schneider Electric.
Nota de redação: O SAPO TEK viajou até Barcelona a convite da Schneider Electric.
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