Novos dados vêm confirmar que ainda há um longo caminho a percorrer no que toca à presença das mulheres no digital, com Portugal a surgir na 19ª posição num relatório que avalia 28 países europeus. Em 2019, apenas 17,7% dos especialistas em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na Europa eram mulheres e o valor em Portugal é ainda mais baixo, 15,7%.
As mulheres têm menos probabilidade de apresentarem competências digitais especializadas e de trabalharem na área do digital. Mas os resultados do relatório da Comissão Europeia 2020 Women in Digital (WiD) Scoreboard mostram ainda que a disparidade de género está ainda presente noutros 12 indicadores medidos.
Veja na galeria os gráficos do 2020 Women in Digital em Portugal
Utilização da Internet, competências dos utilizadores da Internet e competências dos especialistas: foram estas as três grandes áreas analisadas e que comprovam a superioridade masculina no mundo do digital.
Com base em fontes do Eurostat, os valores relativos à utilização da Internet acabam por ser aqueles em que as mulheres estão em maior igualdade. Em Portugal, por exemplo, 71% das pessoas do sexo feminino recorrem à Internet, percentagem que não difere muito da dos homens (74%), nem dos valores da média europeia.
Certo é que em relação à percentagem de pessoas que nunca usou a Internet, os valores nacionais são bastante superiores em relação à Europa, em ambos os sexos: 23% no caso das mulheres e 20% quando se trata dos homens. Este é o único indicador em que o valor é mais elevado no sexo feminino em Portugal. Quanto à média europeia, é de 10% nas mulheres e 9% nos homens.
A maior diferença entre os dois sexos no país surge no setor do online banking. Enquanto 60% dos homens em Portugal recorrem a esta solução, apenas 51% das mulheres o fazem. No entanto, quanto a cursos online, homens e mulheres apresentam exatamente a mesma percentagem: 8%.
No que diz respeito às competências dos utilizadores da Internet, 49% das mulheres têm competências básicas em Portugal, contra os 54% no caso dos homens. Apenas 30% dos cidadãos do sexo feminino apresentam competências para além do baixo, que contrasta com os 34% relativamente aos homens. 57% das pessoas do sexo masculino têm ainda competências básicas de software, valor um pouco diferente dos 53% no caso das mulheres.
Apenas 0,9% das mulheres em Portugal tem emprego na área de TIC
As maiores diferenças surgem, no entanto, quando se avalia as competências de especialistas e o emprego. Apenas 15,4% das mulheres em Portugal graduaram-se num curso de ciências e tecnologias, uma diferença de 10% em relação aos homens, que chegam aos 25,5%. Ainda assim, os valores são um pouco superiores à medida europeia, que se fica nos 14,3% no caso das mulheres.
Na hora de se avaliar a percentagem de mulheres que são especialistas em TIC no país, é aí que o contraste é mais evidente. Apenas 0,9% estão empregadas nesta área, valor bastante inferior ao dos homens: 4,6%.
Finlândia, Suécia, Dinamarca e Holanda são os países com algumas das mulheres mais ativas na área da economia digital. Os valores diferem, no entanto, quando se fala da realidade na Bulgária, Roménia, Grécia e Itália, seja através do emprego, da utilização da Internet ou das competências.
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