A Siemens é uma das fornecedoras dos novos contadores inteligentes que a EDP Distribuição já está a instalar em casa dos clientes, numa estratégia faseada. Mas para além dos smart meters a empresa também desenvolveu o sistema que vai permitir gerir e controlar todos os dados da rede elétrica.
Mais precisão nas medições de consumo mas também informação mais detalhada, e comunicações de dados mais regulares com o fornecedor do serviço de energia - sem necessidade de contagens manuais - são algumas das vantagens que os novos contadores inteligentes (também designados por smart meters ou Energy Boxes) permitem. E os benefícios imediatos são transferidos para os clientes e para a EDP Distribuição, mas também preparam já o sistema para desafios de futuro, como a possibilidade de cada utilizador ser produtor e armazenador de energia.
Até 2020 80% dos contadores instalados em casa dos clientes já serão inteligentes, substituindo-se gradualmente os contadores analógicos que ainda estão na larga maioria das casas dos portugueses e aproximando o modelo do que tem sido desenvolvido em Évora com o projeto InovGrid, que é reconhecido globalmente como um caso de inovação. E até 2022 todos os contadores têm de ser mudados, por imposição da União Europeia.
A transformação está a ser feita de forma faseada e até final deste ano devem estar instalados 1,3 milhões de contadores. Este ano são 600 mil que estão no plano, como confirmou a EDP Distribuição ao TeK.
A EDP Distribuição acrescenta que tem já instalados "cerca de 900 000 equipamentos que são mais que um mero contador de consumos de eletricidade. São equipamentos de última geração, geradores de eficiência em todo o sistema". E garante que a instalação dos equipamento é gratuita e em nenhum momento será cobrado qualquer valor pela instalação ou pelo equipamento.
Os novos contadores são instalados sem intervenção dos clientes e a operadora de energia explica que "todos os novos locais de consumo são equipados com este novo equipamento. Estamos também já a proceder à montagem deste equipamento em todos os locais de consumo das zonas urbanas das capitais de distrito".
E quem vai receber estes contadores? Para além de novas instalações, há também substituições "por outras razões técnicas". "O programa referido segue um critério de expansão estruturado em torno dos postos de transformação que alimentam as redes de baixa tensão cobrindo, desde que haja condições de acesso, a totalidade dos locais de consumo tecnicamente ligados àqueles postos de transformação, independentemente do comercializador com o qual cada o cliente tem o seu contrato de fornecimento", explica a empresa em resposta às questões do TeK.
Uma parte significativa dos novos contadores instalados resulta de um contrato assinado pela Siemens Portugal e a Landis+Gyr com a EDP Distribuição e que prevê a instalação de 800 mil Energy Boxes até final de 2018. Entre os fornecedores qualificados para fornecer contadores inteligentes estão também a ZIV, a ENERMETER, a ZTE e a JANZ.
A EDP Distribuição adianta ainda que os contadores inteligentes são apenas uma parte do investimento que a empresa está a fazer "no âmbito do seu programa de renovação do parque de medição em pontos de entrega em baixa tensão até 41,4 kVA de potência contratada". "Na expansão destes ativos há que considerar outros dispositivos técnicos necessários como é o caso dos sistemas de comunicação e os controladores nos postos de transformação. Globalmente, tendo em conta também outras atividades e desenvolvimentos associados o valor do investimento é de cerca de 35 milhões de euros", refere.
Projeto de grande dimensão
Num encontro com jornalistas, Fernando Silva, responsável pela divisão de Energy Management da Siemens Portugal, explica que o projeto é um dos maiores da empresa na área de smart meetering e que traz grandes vantagens em termos de gestão do consumo de energia, e de ferramentas para os clientes fazerem as medições e acompanhamento dos gastos, abrindo portas para a flexibilização e as tarifas dinâmicas.
“Este sistema tem um grande potencial já que a faturação passa a ser feita com base em valores reais e não estimativas, e traz mais transparência ao processo, com os prestadores a poderem fornecer informação mais detalhada sobre os consumos, o que diminui a litigância”, explica Fernando Silva.
O responsável pela área admite que os contadores analógicos, que ainda estão a ser usados na maioria dos casos, têm uma maior longevidade, mantendo-se durante 25 ou mais anos em funcionamento, mas isso acontece porque os contadores digitais evoluem de acordo com a progressão do negócio do fornecimento de energia e permitem novas ferramentas aos operadores. A fiabilidade das contagens é sempre um dos critérios importantes na escolha destes equipamentos, ficando os mínimos acima dos 99,9%, mas no caso das Energy Boxes da Landis+Gyr também está contemplada a possibilidade de upgrade de software e firmware remotamente, e alguns alertas de controle.
Atualmente a empresa já está a entregar, por semana, 9 a 10 mil Energy Boxes fabricadas pela Landis+Gyr. A EDP Distribuição já está a instalar os equipamentos em casa dos clientes, sendo o objetivo chegar a 2 milhões de casas até final de 2018, e 100% dos lares até 2022, conforme definido pelas metas impostas pela União Europeia para a utilização de sistemas de contadores inteligentes.
Uma plataforma para gestão mais inteligente da rede
A par do fornecimento dos contadores inteligentes, a Siemens Portugal está também a implementar na EDP Distribuição um sistema para a gestão da informação da rede que faz a ponte entre os novos contadores e os modelos analógicos, e que permite também reunir e gerir dados da rede.
O Energy Data Manager é baseado na plataforma EnergyIP da Siemens mas integra know how português e garante maior flexibilidade à EDP Distribuição, sendo esta uma das maiores implementações da plataforma em todo o mundo.
O sistema está a ser desenvolvido há cerca de um ano e entra em produção no início de Julho, numa escala de 1 para 10 até ao final do ano, com a ligação a 600 mil contadores, devendo estar a funcionar em pleno em toda a rede até 1 de janeiro de 2019, altura em que vai gerir 6,2 milhões de clientes em Portugal.
“O maior desafio foi fazer a integração entre os sistemas legacy (os contadores analógicos) e os novos smart meters, com a mesma fiabilidade”, explica aos jornalistas Fernando Silva, que destaca também o volume de dados que será gerido.
“Com 6,2 milhões de contadores, e mesmo que a contagem seja feita de hora a hora, estamos a falar de 150 milhões de leituras por dia”, contabiliza. E se a regulação permitir leituras de 15 em 15 minutos o desafio é ainda maior.
“A Siemens tem uma vantagem muito grande nestas integrações porque conhecemos todo o percurso, desde a eletrificação à automação e agora estamos na transformação digital”, destaca Fernando Silva.
Até agora a EDP Distribuição tinha vários sistemas diferentes para fazer o processamento de toda esta informação e houve necessidade de reunir tudo numa única plataforma, que integra com o sistema de faturação SAP da empresa.
O objetivo passa por usar também o sistema noutras operações da EDP Distribuição, de energia elétrica e gás, mas também exportar este know how adicionado à plataforma para outras geografias, nomeadamente na região da Austrália mas também no Brasil. “Estamos a trabalhar nestes países com estes projetos com a experiência de engenharia e software da Siemens, e também com a proximidade da língua”, adiantou ao TeK.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação entretanto fornecida pela EDP Distribuição.
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