Os advogados de Elon Musk intimaram o co-fundador e ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey, a depor no julgamento que opõe a rede social ao multimilionário, agendado para o próximo dia 17 de outubro.

O Twitter recorreu à justiça depois de Musk ter retirado a oferta de compra da empresa, que deveria resultar numa transação de 44 mil milhões de dólares. A administração do Twitter começou por opor-se e até por tentar bloquear a proposta, mas acabou por aceitá-la. Pouco tempo depois Musk recuou e o caso acabou por seguir para a justiça.

O Twitter alega que “Musk se recusa a honrar as suas obrigações com o Twitter e os seus acionistas, porque o acordo que assinou não atende mais os seus interesses pessoais” e está disposto a usar todos os recursos disponíveis, para obrigar o multimilionário a cumprir a palavra inicial.

Jack Dorsey ainda não fez comentários públicos sobre o assunto. Antes da oferta de compra ser retirada tinha manifestado seu apoio à proposta, indicando que a proposta de Musk era a única solução individual viável para o Twitter. Dorsey já tinha criticado em público por diversas vezes a gestão da plataforma, considerando que a estratégia da atual administração tinha deixado a empresa sem caminho para crescer.

Recorde-se que Musk retirou a oferta de compra do Twitter depois de analisar em maior detalhe as contas da empresa, alegando que a companhia fez declarações "falsas e enganosas", ao assinar o acordo e que não lhe forneceu as informações de que necessita. Em causa estará, sobretudo, o número de contas falsas na rede social (associadas a bots), que o Twitter afirma representar menos de 5%, uma quota que não convence Musk e que outras fontes também contrapõem. Alguns analistas defendem, no entanto, que a questão dos bots foi um pretexto para recuar, num negócio que podia desembolsar muito mais do que vale a empresa.

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Os termos do acordo assinado entre as partes não facilitam a dissolução do acordo e a melhor hipótese para o conseguir será provar que o Twitter forneceu informações que não correspondem à realidade.

Não é ainda claro como pode encaixar o testemunho de Dorsey na estratégia de defesa de Musk. A informação divulgada refere, no entanto, que a intimação está relacionada com "documentos e comunicações que reflitam, se refiram a, ou estejam relacionados com o impacto ou efeito de contas falsas ou spam nas operações comerciais do Twitter".

A defesa de Musk já tinha convocado para o julgamento outros executivos do Twitter, como Kayvon Beypour, responsável de produto da empresa, que já assumiu o cargo de responsável de receitas. Entretanto, os acionistas da rede social votam a proposta de compra de Musk em setembro.