Está aberto o Web Summit 2023 e o palco é das startups

Kim Verkooij, Co-founder e CEO da Solvimon, foi o primeiro empreendedor a pisar o palco da Web Summit 2023, e a sua apresentação do projeto recebeu bom feedback da audiência, muitos dos quais também gostariam de estar a apresentar as suas ideias. Faz parte de um grupo de sete startups que foram escolhidas para a abertura da conferência que este ano enfrenta alguns desafios relacionados com a polémica que levou à demissão de Paddy Cosgrave e que também deu lugar à desistência de várias grandes empresas.

Mas tudo indica que todo o processo passa ao lado da audiência, e que o nível de entusiasmo se mantém incólume. O palco foi mais uma vez conquistado pelas startups que abriram a sessão, e depois também a fecharam, com direito a fogo de artifício. 

Lauren Wright, da The Natural Nipple, Philip Kelvin da Tranch, Teddy Solomon, da Fizz, Melanie Samba da Sproxxy, Feross Aboukhadijeh da Socket e Valentina Milanova da Daye fazem parte do primeiro grupo de startups que tiveram os seus minutos de fama, e a oportunidade única de fazer um pitch para cerca de 70 mil pessoas na Altice Arena. As áreas de atuação variam da cibersegurança e sistemas de faturação à garantia de um sistema para amamentação das crianças, saúde feminina e tampões, mas mostram a variedade da startups representadas no Web Summit.

As portas do Altice Arena abriram hoje às 16 horas para a Noite de Abertura e milhares de pessoas encaminharam-se ordeiramente para os seus lugares até "lotarem" o espaço. Durante quase duas horas assistiram a um resumo dos episódios anteriores, com as gravações de intervenções de Al Gore e Margrethe Vestager, mas já depois das 17h30 começaram a mostrar impaciência e uma salva de palmas intensa deu lugar a uma contagem descrescente para as primeiras apresentações das startups.

Depois de uma pausa, a nova CEO Katherine Maher subiu a palco às 18h30, lembrando que não é a sua primeira vez no Web Summit, onde já tinha feito uma apresentação. Não ignorou o tema polémico da demissão de Paddy Cosgrave e recordou o caso, defendendo que todas as pessoas têm direto a expressar a sua opinião, com respeito, ao que foi acolhida com uma grande salva de palmas. O potencial da Inteligência Artificial e a forma como pode ajudar a humanidade, foi também destacado.

Antes de passar a palavra, destacou a importância dos empreendedores, e recuperou uma tradição de convidar todos os participantes a cumprimentarem os "vizinhos" do lado e apresentarem-se para se conhecerem, num momento que sempre gera uma onda de entusiasmo e energia, que teve de acalmar. "Para mim esta é a alegria do Web Summit", afirmou, lembrando que nunca sabemos que quem encontramos ao lado, na fila do café ou no Night Summit pode transformar a nossa vida.

Entre os desafios e oportunidades da IA

Depois de Katherine Maher abrir o palco do Web Summit 2023, Cristina Fonseca da Indico Capital e Vasco Pedro da Unbabel juntaram-se para uma sessão onde a inteligência artificial assume o foco principal, sem esquecer as oportunidades, mas também os desafios da tecnologia.

Para Cristina Fonseca, há problemas que continuam por resolver e a responsável apela a um "pitch" de problemas, não de soluções. Já o líder da Unbabel, que prometeu uma demonstração de um modelo para resolver os problemas das pessoas, acredita que a IA vai capacitar as pessoas para algo que será benéfico para a sociedade. “A linguagem é o sistema operativo da sociedade, a forma como comunicamos, e ainda só estamos a começar”, realçou.

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Como defendeu Cristina Fonseca, os modelos de linguagem não são o mais importante no ChatGPT, mas sim a forma facilitada como se consegue implementar. Agora todos podem ver o potencial desta solução e querem vê-la implementada no seu negócio. “Este é o tempo para investir na IA”, no entanto, conseguir que as pessoas ganhem confiança na tecnologia é um grande desafio. 

O potencial do ChatGPT é vasto e a criação da OpenAI já está a transformar inúmeras áreas, mas, para Jimmy Wales, será sempre precisa uma enciclopédia com intervenção humana como a Wikipedia. Para o responsável, o ChatGPT é ótimo para uma variedade de tarefas, mas existem muitas outras para as quais o chatbot não tem resposta, ou, quando a tem, não é a mais correta.

É certo que a OpenAI continua a fazer melhorias ao modelo de IA que alimenta o ChatGPT, mas Jimmy Wales acredita que há muito caminho a percorrer para que o chatbot se torne uma fonte fiável de informação. 

O futuro é incerto e existem desafios estruturais que, para já, impedem os modelos de IA que conseguirem realmente competir com a Wikipedia, que olha para os seus contribuidores humanos como uma mais valia importante, sobretudo no que respeita à validação da informação.

Jimmy Wales admite que a IA poderá ser um complemento àquilo que os contribuidores fazem, podendo agilizar tarefas que são mais complicadas. Quanto à utilização de dados da Wikipédia nos datasets de modelos de IA como aqueles que são usados no ChatGPT, o responsável realça que a atribuição à fonte seria algo importante, se bem que reconheça os desafios que isso implica.

Correremos o risco de nos tornarmos obsoletos perante a IA? O fundador da Wikipedia acredita que não: "para mim, o futuro do conhecimento não será diferente do que sempre foi", afirma, acrescentando que existem aspectos intrínsecos da experiência humana que não conseguem ser replicados pela tecnologia.

No palco do Web Summit 2023 também marcaram presença Carlos Moedas, Presidente da Câmara de Lisboa, e António Costa Silva, ministro da Economia, num momento em que uma crise política também se abate sobre o Governo depois da divulgação da Operação Influencer na semana passada, que levou à demissão do Primeiro Ministro António Costa e, ainda hoje, de João Galamba, ministro das Infraestruturas.

Com as startups em palco, Katherine Maher, acompanhada por Carlos Moedas e por António Costa Silva, dá o mote para a abertura oficial da cimeira de tecnologia e empreendedorismo. Com as "formalidades" da Opening Night terminadas, a festa continua no Hub Criativo do Beato e, ao longo dos próximos três dias haverá muito mais para acompanhar. 

O que esperar do Web Summit 2023?

Este ano a organização diz que atingiu a lotação máxima, com mais de 71 mil participantes, contando com mais de 2.600 startups confirmadas, um terço das quais lideradas por mulheres, representando mais de 85 países.

Estão listados mais de 900 investidores, mais de 300 parceiros e mais de 6.000 voluntários e contratados para montar e gerir o evento. A organização conta presenças de 160 países e diz que este ano o espaço ocupado é de mais de 215.000 metros quadrados, crescendo 11 mil metros quadrados face aos 204 mil ocupados em 2022.

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As indicações da organização referem mais de 20 palcos para as muitas talks, pitchs e workshops, embora no mapa se vejam claramente 15 (onde o palco 1 e 2 não estão assinalados correspondendo aos palcos principal e investidores), e será pelos pavilhões da FIL que a maioria dos participantes se vão distribuir, mas que hoje ainda não estão abertos.

Se ainda não preparou a sua agenda, veja as propostas de 10 oradores a não perder que preparámos para si.

O SAPO TEK mudou a redação para o Web Summit e até 16 de novembro está a acompanhar tudo o que se passa na conferência e e nos eventos paralelos que sempre decorrem em Lisboa a par da conferência. A agenda é longa e há muito para descobrir dentro e fora dos palcos.

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