Com a nova lei das garantias que começa em janeiro de 2022, o SAPO TEK reuniu algumas perguntas e respostas com as principais dúvidas em torno do assunto que pretende ajudar os consumidores nas suas compras de bens. Neste dossier, pretendemos também compreender a posição da DECO Proteste, a publicação da Defesa do Consumidor, assim como algumas das principais fabricantes tecnológicas, sobre como esta mudança da garantia de dois para três anos pode ser benéfico para os consumidores, mas se também poderá afetar os preços, como também o impacto que terá a obrigação de guardarem peças de reparação durante 10 anos.

As garantias também afetam os bens em segunda-mão e os recondicionados, e por isso dirigimos questões a algumas empresas especializadas no tema em Portugal, que são unânimes na credibilização que a lei dá a este mercado paralelo aos artigos novos. A sustentabilidade e a economia circular são salientados nestas novas medidas.

Para a Swappie, especialista na venda de smartphones recondicionados, “faz todo o sentido que a garantia dos produtos recondicionados seja de três anos, como se se tratasse de um bem novo”, salienta Luísa Vasconcelos e Sousa, Country Manager da empresa ao SAPO TEK.

Veja na galeria algumas imagens das fábricas da Swappie:

“Acreditamos que esta lei vem incentivar a compra deste tipo de aparelhos, dado que transmite ainda mais confiança ao consumidor e ajuda a eliminar as barreiras geradas pelas dúvidas dos consumidores, o que é algo muito positivo. A nossa política de devolução e garantia já previa, por um lado, devoluções até 14 dias após receber o aparelho eletrónico, e, por outro, dois anos de garantia para qualquer problema que surja com o dispositivo. No entanto, a partir de janeiro iremos, naturalmente, ajustar este período para os três anos”.

Para Thibaud Hug de Larauze, cofundador e CEO do Back Market, as novas leis “podem ser uma forma de mostrar aos consumidores que os seus aparelhos podem realmente durar bastante tempo”. A empresa acredita que qualquer medida que sirva para proteção do consumidor, ao mesmo tempo que o consciencializa sobre a “validade” dos aparelhos tecnológicos, é positiva. O aumento da garantia vai ajudar os consumidores a manterem os seus aparelhos mais tempo, por estarem protegidos pela lei.

"Faz todo o sentido que a garantia dos produtos recondicionados seja de três anos, como se se tratasse de um bem novo”, Luísa Vasconcelos e Sousa da Swappie.

Perante o novo prazo de garantia, a Swappie afirma que tem três fábricas, controlando todo o processo de recondicionamento dos produtos. Por isso, diz que além de garantir a máxima qualidade dos equipamentos que “devolve” ao mercado, consegue ser mais eficiente e reduzir custos de produção. “conseguimos criar uma margem que nos possibilita, tanto sermos mais competitivos ao nível dos preços, como assumir este tipo de compromissos, tais como o aumento do período de garantia, sem que isso represente qualquer custo adicional para o cliente”, explicou Luísa Vasconcelos e Sousa ao SAPO TEK.

Também questionada sobre o eventual aumento de preços, a Back Market diz que “a lei está ainda em avaliação com o nosso departamento legal, pelo que, aplicações práticas nos valores dos produtos só poderão ser referidas após este processo”.

Para a Swappie, manter o stock das peças pelos 10 anos “vem potenciar a economia circular na medida em que as pessoas terão a possibilidade de reparar os seus telemóveis com mais regularidade, prolongando a sua vida”, salientando que é positivo ter stock por mais tempo, impulsionando a aposta em aparelhos tecnológicos recondicionados, “tornando-os uma opção mais viável, económica e sustentável”.

Algumas empresas até já começaram a dar sinais da mudança de paradigma, sobretudo no que diz respeito à economia circular, um pouco alavancada também pela atual crise dos transístores, que tem limitado as fabricantes a satisfazer a procura de equipamentos. Em novembro, a Apple anunciou que iria começar a fornecer peças suplentes para o iPhone 12 e iPhone 13 ao público em geral, para que pudessem fazer as suas reparações em casa. A iniciativa vai começar em 2022 nos Estados Unidos e ao longo do ano vai ser expandido aos restantes países.

E ainda hoje o Fairphone 4 foi distinguido pela iFixit com a nota máxima de reparabilidade do smartphone, conquistando os seus 10 pontos plenos. Os especialistas destacaram o design modular, a garantia de acesso às partes críticas do equipamento, incluindo a facilidade de retirar a bateria, salientando que até os principiantes poderiam reparar o smartphone.

O SAPO TEK contactou a iServices com o envio de questões, mas no fecho da peça ainda não tinha enviado as respostas.