A consultora Chainanalysis estima que dos 18,9 milhões de bitcoins em circulação, 3,7 milhões foram perdidos pelos seus proprietários, que os guardaram em wallets às quais já não conseguem aceder ou que entretanto faleceram.
Com a valorização da moeda a disparar nos últimos anos, muitos dos que investiram em bitcoins no início, a preços irrisórios, e entretanto deixaram de conseguir aceder a esse “mealheiro”, redobraram esforços para o recuperar, que o digam Chris e Charlie Brooks.
Pai e filho montaram um serviço de “caça ao bitcoin perdido” que ajuda pessoas nesta situação a recuperarem o acesso às suas wallets, juntando todas as pistas que puderem para recuperar as senhas e chaves pessoais, em conjunto com os donos da conta. A partir da informação que conseguem reunir, usam o poder da computação para experimentar o maior número possível de combinações, até descobrir as senhas e recuperarem o acesso às contas.
Numa entrevista à BBC, contaram que no pico de valorização da Bitcoin, em novembro do ano passado, chegaram a receber mais de 100 contactos diários. O negócio assenta num sistema de partilha de valor, ou seja, a dupla ganha uma percentagem do valor recuperado. Pode ser muito, o maior valor que recuperaram em bitcoins correspondia a 280 mil dólares, pode ser nada.
Na mesma entrevista relatam que no verão passado tiveram um cliente que previa ter 12 bitcoins numa wallet a que não tinha acesso. Depois de 60 horas de trabalho de computação e outras 10 a reunir pistas, a conta afinal estava vazia.
Mas este é só um exemplo, porque no geral assumem que o negócio corre muito bem, ainda que estimem que este tipo de serviços permitam recuperar apenas 2,5% dos bitcoins perdidos, cerca de 3,9 mil milhões de dólares ao preço atual.
O Crypto Asset Recovery deste pai e filho foi lançado pelo pai, que a certa altura o deixou em pausa. Foi recuperado algum tempo mais tarde, com a ajuda do filho, quando a mais popular das moedas virtuais começou a valorizar. Agora não há planos para voltar a desistir, muito pelo contrário. O filho suspendeu a licenciatura em ciências da computação e nos próximos tempos não pensa voltar à faculdade.
Primeiro serviço: recuperar 2 milhões de dólares em bitcoins
Esta família não é a única a caçar bitcoins perdidos, a BBC falou também com Joe Grand, um hacker conhecido, que é também o autor de um vídeo recentemente colocado no YouTube a mostrar como abrir “à força” um dispositivo físico usado para guardar bitcoins.
Joe Grand montou um negócio idêntico ao dos Brooks, que ainda é um part-time, com o seu primeiro cliente, a quem ajudou a recuperar o equivalente a dois milhões de dólares. A ocupação principal do hacker é ajudar empresas a tornarem os seus sistemas mais seguros, procurando falhas de segurança para que possam ser corrigidas. Joe Grand admite, no entanto, que se o novo negócio continuar a correr bem se vê a dedicar-se em exclusivo a esta área. Entusiasmo pelo menos não lhe falta. Na conversa com a BBC explicou que conseguir “abrir a wallet deu muita adrenalina. Acho que foi como uma versão técnica da caça ao tesouro”.
Estes serviços abrem a possibilidade de recuperar um bem que de outra forma dificilmente poderia ser recuperado, porque ao contrário do que acontece com as finanças tradicionais não há uma entidade a quem recorrer para pedir ajuda. Ainda assim, não são uma garantia para recuperar todos os bitcoins perdidos. A dupla de pai e filho, Chris e Charles, explicam que entre os casos que tiveram em mãos conseguiram ser bem-sucedidos em 30%.
Um destes casos bem-sucedidos foi o de Rhonda Kampert, que em 2013 comprou seis bitcoins a 80 dólares cada um. Chegou a gastar alguns e deixou os restantes. Em 2017 quando a moeda começou a ganhar valor tentou usar as que tinha guardadas, mas percebeu que já não tinha parte da informação de login necessária. Tinha as credenciais numa folha em papel e parte dos números já não eram percetíveis.
Depois de várias tentativas sem sucesso encontrou Chris e Charlie Brooks na internet. Em conjunto debateram pistas e em direto, através de vídeo, a dupla mostrou os passos que ia dar para tentar aceder à conta de bitcoins e lá conseguiu chegar aos pouco mais de três bitcoins que restavam, mas que ainda assim valiam 175 mil dólares. Os caçadores ficaram com uma comissão de 20%.
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