Por Gabriel Carvalhal (*)
Num mundo onde as empresas são desafiadas a crescer rapidamente para competir globalmente, a Ciência de Dados passou a assumir um papel central na estratégia global de negócios, fornecendo uma base sólida para a tomada de decisões fundamentadas e eficazes.
Com a grande quantidade de dados gerados diariamente, que possibilitam a extração de informação, esta área de crescimento exponencial oferece às organizações uma nova dimensão de precisão, controlo e capacidade preditiva. Assim, pode tornar-se num ativo verdadeiramente valioso, desde que consiga transformar os dados em conhecimento estratégico e vantagem competitiva. Não é ao acaso que se diz que “os dados são o novo petróleo”, uma frase eternizada pelo matemático Clive Humby e que nunca fez tanto sentido como nos dias de hoje, em que tratamos os dados como um recurso de alto valor agregado. Estes são analisados e explorados por diferentes equipas, desde a área de supply e gestão comercial até à logística, passando pelas operações e marketing.
Em suma: com a evolução deste campo de conhecimento, passámos de uma cultura baseada em perceções para uma cultura baseada em factos e certezas. Quando bem organizados, padronizados e acessíveis, os dados permitem-nos tomar decisões informadas, otimizar as operações e melhorar a eficiência. Para além disto, conseguimos antecipar tendências e mudanças no mercado, dimensionar metas reais, segmentar, identificar anomalias intrínsecas e construir modelos personalizados e escaláveis, atuando como um motor silencioso e orientador das estratégias empresariais.
Com milhares de referências de artigos e múltiplas origens e destinos, a gestão logística torna-se tão estratégica quanto a própria venda. A partir da análise de dados reais e operacionais, as empresas passam a ter a capacidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos produtos e serviços.
Os dados, quando bem trabalhados, deixam de ser apenas um medidor de resultados, passando a uma ferramenta que permite a compreensão do negócio e a identificação de padrões de consumo. Permitem ainda que cada área tenha uma representação clara de onde estão os principais problemas e as suas principais oportunidades, antecipando potenciais desafios futuros. Quando esta leitura é multidisciplinar e transversal às equipas, cria-se uma cultura de decisão informada e sustentável, com grande escala nas diferentes áreas da empresa.
Encaremos a empresa como uma máquina em funcionamento contínuo, que exige manutenção constante. Quando há apenas uma manutenção reativa, o problema é resolvido após a falha, o que significa que as decisões são tomadas tarde demais e as perdas se materializam. Já a manutenção preventiva baseia-se em indicadores que antecipam a necessidade de intervenção, tal como o uso de dados fiáveis que permitem agir antes que surjam problemas operacionais, atuando de forma justificada e antecipada. Neste nível, já é possível reduzir custos e gerir os processos de forma quantitativa.
Num nível mais avançado, a manutenção preditiva recorre à ciência de dados para prever falhas e planear ações futuras. O mesmo princípio pode aplicar-se às empresas que usam dados de forma estratégica e preditiva, tornando possível planear ações futuras e, assim, priorizar as mais benéficas para o negócio. Consequentemente, permite a redução de cursos, minimização de riscos e permite processos mais eficiência e rentabilidade.
Os dados, por si só, não terão qualquer utilidade para as empresas se não forem registados com qualidade. Dados de má qualidade conduzem a interpretações erradas, decisões imprecisas e ineficazes, constituindo um desperdício de recursos e materializando o custo de oportunidade. Apenas a qualidade dos dados pode garantir que estes possam ser transformados em informações úteis e valiosas para serem aplicadas ao negócio.
Os dados precisarão sempre de ser 'refinados' e combinados com o pensamento estratégico e a sensibilidade humana, porque o nosso papel continua a ser determinante na tomada de decisão: questionar, validar e agir de forma assertiva. Só assim as empresas poderão manter-se competitivas e crescer de forma sustentável. Em última análise, é a qualidade dos dados que sustenta toda a cadeia de valor analítica, o verdadeiro alicerce de decisões fiáveis, inteligentes e orientadas para o futuro.
(*) Data Lead da B-Parts
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