Para além da presidência de Donald Trump ter ficado marcada por uma "lista negra" de empresas chinesas, as gigantes tecnológicas americanas também não saíram da mira da administração do presidente cessante. Numa altura em que Trump está em risco de ser destituído, e com o seu mandato a terminar a 20 de janeiro, Joe Biden é o próximo presidente dos Estados Unidos a tomar posse e deverá manter o escrutínio a empresas como a Google e o Facebook.
A garantia foi dada pelo atual chefe da divisão antitrust do Departamento da Justiça (DOJ) norte-americano Makan Delrahim à Bloomberg. Ao site, o representante da administração de Trump acredita que um grupo de advogados do DOJ do presidente eleito Joe Biden fique encarregue de prosseguir as investigações às empresas americanas, tais como a Google.
"Em mercados onde existem efeitos de rede que levam a que um «vencedor leve tudo», qualquer pessoa pretende garantir competição e inovação contínuas", afirmou. Por isso, o DOJ, a Comissão Federal de Comércio e o Congresso "estão certos em analisar de perto a situação".
Google, Facebook e Apple. Alguns dos processos antitrust às gigantes tecnológicas
Assim que Biden assumir o cargo na próxima semana, a sua administração vai continuar com o processo histórico do DOJ contra a Google. Delrahim, que se recusou a participar nessa investigação, afirmou que o Congresso deveria perceber se "há outras formas para lidar com a questão, em vez do típico processo contraditório lento que temos" para resolver casos antitrust.
Em outubro, os Estados Unidos processaram a Google por abuso de posição dominante na maior ação legal dos últimos 20 anos. No processo, o DOJ e os representantes de 11 Estados norte-americanos argumentam que a gigante de Mountain View utiliza uma rede de negócios ilegais para manter a sua posição privilegiada no mercado de motores de busca e que as suas práticas estão a reduzir o poder de escolha dos consumidores, além de “sufocarem” a concorrência.
Em questão está a aplicação do motor de busca da empresa para smartphones. O DOJ defende que a Google paga milhares de milhões de dólares aos fornecedores, incluindo fabricantes como a Apple, a LG, a Motorola e a Samsung, às maiores operadoras norte-americanas e às empresas por trás de browsers para garantir a sua posição como motor de busca principal.
Além da Google, o DOJ está a analisar também as práticas da App Store da Apple que, alegadamente, colocam os concorrentes em desvantagem com uma taxa de 30% relativamente às compras da aplicação. Mas o Facebook também não escapou ao escrutínio do Departamento de Justiça, com a rede social a ser criticada pelas suas recentes aquisições, que poderão ter ajudado a plataforma a neutralizar ameaças de competidores.
De acordo com a Bloomberg, Merrick B. Garland, juiz federal americano em Washington que Biden vai nomear como procurador-geral, deverá assumir a responsabilidade de investigar empresas tecnológicas. No entanto, o próximo presidente dos Estados Unidos ainda não anunciou a sua escolha para o líder das investigações antitrust.
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