A semana ficou marcada pelo documento apresentado pelos legisladores democratas dos Estados Unidos, que sugeriam que as grandes empresas tecnológicas deveriam ser “partidas” devido à sua posição dominante e abuso do seu monopólio no sector tecnológico. Foram mesmo comparados aos barões petrolíferos e dos caminhos de ferro que dominavam o sector, abusando da sua posição dominante, ditando preços e regras do comércio, a procura, a publicidade, as redes sociais e publicações.
As palavras dirigidas à Amazon, Apple, Facebook e Google já mereceram resposta dos respetivos representantes.
Amazon: "assumir que o sucesso apenas pode ser o resultado de comportamentos anti-competitivos é simplesmente errado"
A Amazon escreveu uma carta no seu blog, referindo que 80% dos americanos têm boa impressão da empresa, segundo estatísticas independentes. E para ter essa confiança dos clientes foi necessário trabalhar arduamente, indo de encontro à sua mentalidade estabelecida desde o primeiro dia. “Todas as grandes organizações chamam a atenção dos reguladores, e damos as boas-vindas a esse escrutínio. Mas que as grandes empresas não são dominantes por definição, e assumir que o sucesso apenas pode ser o resultado de comportamentos anti-competitivos é simplesmente errado”, é referido na mensagem de Jeff Bezos.
A empresa refere que apesar das grandes provas em contrário, essas falácias continuam a ser o núcleo das regras antitrust que se querem promover. Explica ainda que em 1999, a Amazon tentou operar em duas lojas separadas, uma para os seus negócios e a outra para outros retalhistas, mas acabava por gerar confusão entre os seus clientes.
Salienta que ao segregar os vendedores, tornava difícil aos clientes comparar preços dos produtos, e nesse sentido defende que a competição era reduzida, levando a produtos mais caros e menos opções de seleção. Um ano depois de “misturar” os seus produtos com as dos restantes vendedores, as vendas de terceiros contaram com 5% das vendas totais. Duas décadas depois, os pequenos e médios negócios já contabilizam em 60% de todas as vendas de produtos físicos na plataforma da Amazon.
Facebook: "as aquisições fazem parte de qualquer indústria"
O Facebook respondeu às acusações monopolistas de antitrust relativas às aquisições do Instagram em 2012 e do WhatsApp em 2014 referindo que “as aquisições fazem parte de qualquer indústria, sendo apenas uma forma de inovar novas tecnologias de forma a entregar mais valor às pessoas. O Instagram e o WhatsApp chegaram a novos patamares de sucesso porque o Facebook investiu milhares de milhões nessas empresas”, segundo um porta-voz da rede social ao CNBC.
A empresa defende que o cenário de forte competição existiu sempre no período dessas aquisições e continua a existir atualmente. Aponta ainda que na altura das aquisições, os reguladores escrutinaram cada negócio e não viram qualquer razão para impedir que estas prosseguissem na altura.
Apple: empresa não tem uma "posição dominante da quota do mercado em nenhuma categoria"
Segundo declarações do porta-voz da empresa à CNBC, a empresa liderada por Tim Cook sempre apoiou o escrutínio às empresas, mas discorda das conclusões mencionadas no relatório. “A nossa empresa não tem uma posição dominante da quota do mercado em nenhuma categoria onde fazemos negócios”, reforça.
Demonstrou ainda preocupação nas questões relacionadas com os seus royalties de 30% cobrados aos developers nas vendas das suas aplicações. Defendeu que o valor cobrado está em linha com aquilo que é cobrado por outras lojas de aplicações, como que a apontar à sua rival Google que cobra o mesmo valor na sua Play Store.
As divergências surgem no facto da App Store ser um ecossistema fechado, enquanto que nos equipamentos Android os utilizadores podem procurar aplicações fora da Play Store.
Google: relatório "contém alegações desatualizadas e imprecisas"
Por fim, a Google partilhou uma breve mensagem no seu blog, salientando que os produtos gratuitos como o Search, Maps e Gmail têm ajudo milhões de americanos e que a empresa tem investido milhares de milhões de dólares em investigação e desenvolvimento para os construir e melhorar. “Competimos de forma justa numa indústria em rápida e muito competitiva, e por isso não concordamos com o relatório apresentado, que contém alegações desatualizadas e imprecisas dos rivais comerciais sobre o Search e outros serviços”, destaca.
Salienta ainda que os americanos não querem que o Congresso parta os produtos da Google ou coloquem em perigo os serviços gratuitos que utilizam todos os dias. Relembra que o objetivo das leis antitrust é proteger os consumidores e não ajudar os rivais comerciais. E nesse sentido, partir as empresas pode prejudicar os consumidores. E mesmo a liderança tecnológica da América e a respetiva economia podem ser colocados em causa.
Conclui a sua mensagem referindo que suporta o Congresso em áreas onde as leis ajudam os consumidores, defendendo a importância da portabilidade dos dados e as plataformas mobile abertas.
De recordar que os CEOs da Amazon, Apple, Facebook e Google foram ouvidos a 29 de julho, pelo Congresso norte-americano, no seguimento da investigação antitrust da Federal Trade Comission (FTC), para testemunhar acerca das práticas das suas empresas no mercado, ainda que as empresas fossem escrutinadas por diferentes motivos.
Para restaurar a competição, os legisladores democratas recomendaram “partir” as gigantes tecnológicas, que se encoraje as agências que vigiam o mercado e se coloquem “travões” às empresas de adquirir as start-ups. Da mesma forma que propõem uma reforma às leis antitrust.
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