O relatório da eurodeputada portuguesa Maria da Graça Carvalho, ex-ministra da ciência, foi aprovado esta quarta-feira pela Comissão da Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu. O documento propõe um conjunto de alterações complementares ao enquadramento apresentado pela Comissão Europeia para a EuroHPC, a Iniciativa Conjunta de Computação de Alto Desempenho, onde a Europa prevê investir 8 mil milhões de euros até 2030, para criar uma rede europeia de supercomputação e garantir um lugar de destaque na capacidade de processar dados.
Portugal é um dos países integrados nesta rede, através do supercomputador Decalion, que vai absorver um investimento de 20 milhões de euros e que ficará alojado no Minho Advanced Computing Center, um dos quatro centros de supercomputação da rede nacional de computação avançada.
O relatório define linhas de ação para garantir que a infraestrutura cumpre os objetivos e é aproveitada, no seu máximo potencial. Neste contexto, são apresentadas seis prioridades: Acesso Melhorado, Abertura, Sinergias, Alinhamento com as prioridades da UE, Liderança Industrial e Conhecimento e Sensibilização.
Sublinha-se a importância de criar condições para que empresas com menos recursos, como as PMEs, não vejam o seu acesso vedado à infraestrutura, considerando fundamental que sejam fixadas taxas de acesso à rede acessíveis aos diferentes perfis de organizações que possam querer usá-la.
A Eurodeputada do PSD indica também a criação de um Fórum dos Utilizadores, que ajude a alargar o alcance da EuroHPC e a garantir que a estrutura é gerida tendo em conta as necessidades reais de quem a utiliza. Este fórum teria “um papel de aconselhamento ao conselho de administração e aos órgãos consultivos, incluindo representantes da indústria e, em especial, das PME, bem como organizações da sociedade civil, parceiros sociais e ONG”, explica-se no documento.
O relatório destaca igualmente a importância da transparência e clareza dos processos associados à escolha dos projetos que vão usar a rede, à forma de a usar e aos resultados alcançados, como meios para incentivar a utilização. E sublinha o bom posicionamento do projeto para “fazer face às fragilidades da União em termos de fabrico de hardware, especialmente no que se refere a microprocessadores e computação quântica”.
A computação quântica volta aliás a ser referida mais à frente nas linhas prioritárias de ação proposta por Graça Carvalho, que apela ao “reforço das atividades de investigação e inovação em todas as tecnologias emergentes relacionadas com a computação de alto desempenho, especialmente em computação quântica”.
É ainda colocada ênfase na necessidade de desenvolver aptidões e competências em toda a UE nesta área da computação ao longo dos próximos anos, deixando uma nota para a importância de medidas que estimulem a participação das mulheres. Considera-se por outro lado crítico, que a gestão da EuroHPC se mantenha alinhada com os objetivos estratégicos europeus e os princípios do Pacto Ecológico Europeu.
“O sucesso desta iniciativa dependerá em muito do envolvimento, acesso e sensibilização que consiga gerar entre as partes interessadas”, sublinha a eurodeputada do PSD citada numa nota de imprensa. “Isto significa garantir que todos os utilizadores terão acesso às infraestruturas e aos seus serviços, bem como aos repositórios de dados científicos e comerciais, com particular atenção para as PME e startups”.
As bases da EuroHPC começaram a ser lançadas em 2018 e a rede tem vindo a ser montada. Numa fase inicial captou mil milhões de dólares em investimento. Até final da década serão encaminhados para a empresa partilhada pelos signatários da rede, onde Portugal também se faz representar, 8 mil milhões de euros. O relatório agora aprovado é uma peça fundamental para atualizar o regulamento que vai orientar a gestão e funcionamento da rede, uma revisão proposta pela Comissão Europeia no ano passado, no âmbito da Estratégia Europeia para os Dados.
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