Esta quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) deteve 58 pessoas no âmbito da operação “Aliança Digital”. A operação, a decorrer na área da Grande Lisboa, está a investigar a prática de crimes de auxílio à imigração ilegal, associação de auxílio à imigração ilegal e falsidade informática.

Os suspeitos, que faziam parte de uma rede criminosa, executavam o seu plano através das redes sociais para “promover a regularização fraudulenta de cidadãos estrangeiros”, avança a PJ em comunicado.

Inicialmente, os cidadãos estrangeiros, todos oriundos de países fora da União Europeia, que eram clientes da rede deslocavam-se a Portugal para se encontrarem com os suspeitos. Aqui era lhes explicado que a maneira mais fácil de regularizarem a sua situação e obterem uma autorização de residência era através da abertura de uma empresa.

No entanto, devido às exigências desse tipo de procedimento, os suspeitos mudaram de plano, passando a sugerir casamentos de conveniência com cidadãs portuguesas, pedindo quantias avultadas de dinheiro.

De acordo com José Ribeiro, coordenador de investigação criminal da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), a investigação começou em 2023, partindo de suspeitas de burla informática através das redes sociais para casamentos por conveniência. A certo ponto, a rede deixou as redes sociais para passar a funcionar por recomendações diretas e contactos entre os envolvidos.

Ao todo, foram identificadas pelo menos 120 pessoas, num total de 60 casais de conveniência. Com cada cidadão estrangeiro a pagar cerca de 33 mil euros pelo casamento, estima-se que a rede criminosa tenha arrecadado cerca de dois milhões de euros.

Durante uma conferência de imprensa na sede da PJ, em Lisboa, o responsável detalhou que os cidadãos estrangeiros "estavam dispostos a pagar valores na ordem das dezenas de milhares de euros para conseguirem apenas a legalização em território nacional", avança a Agência Lusa.

A rede criminosa contava com uma estrutura organizada, incluindo mentores e mentoras, que funcionavam como responsáveis, angariadores e um conjunto de noivas dispostas a casar com os clientes. Muitas das pessoas detidas hoje são noivas. Já do lado dos noivos, a maioria já está a viver em outros países da Europa. No entanto, uma vez que estão todos identificados, a operação avançará para outra fase com recurso à cooperação internacional.

A operação “Aliança Digital” envolveu a cooperação de cerca de 300 elementos da PJ, sendo cumpridos 57 mandados de busca e apreensão. As buscas permitiram recolher também provas de “natureza documental e digital” que poderão ser relevantes para a identificação de outros suspeitos.