O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, fez duras críticas às grandes tecnológicas e aos seus líderes durante o discurso no Fórum Económico Mundial, em Davos, esta quarta-feira, 22 de janeiro. Sánchez acusou os bilionários do sector de pretenderem subverter as democracias, usando as plataformas digitais como ferramentas de polarização social e manipulação política.
“Devemos devolver às redes sociais o seu propósito original: serem espaços seguros para a conversa e não instrumentos da nossa opressão”, afirmou o chefe do governo espanhol.
Inspirando-se no conhecido slogan de Donald Trump, Sánchez apelou: “Em poucas palavras, vamos tornar as redes sociais grandes outra vez”.
Pedro Sánchez recordou que, no início dos anos 2000, as redes sociais surgiram como uma promessa de união entre as pessoas e de fortalecimento das democracias. Contudo, alertou que a realidade atual está longe desse ideal, comparando as plataformas digitais a “invasores escondidos no corpo de um cavalo de Troia”. O primeiro-ministro denunciou o crescimento do bullying online e do isolamento social como consequências diretas do modelo promovido pelas grandes tecnológicas.
No discurso, Sánchez apontou três formas pelas quais as redes sociais têm prejudicado as democracias liberais. Primeiro, destacou a simplificação e polarização do debate público, argumentando que formatos como os 280 caracteres do Twitter ou vídeos curtos não permitem discussões profundas, mas fomentam divisões que facilitam a manipulação. Em segundo lugar, atacou a proliferação de notícias falsas, acusando os gigantes tecnológicos de ignorarem o problema em benefício dos seus interesses económicos e políticos. Por último, criticou o modo como estas plataformas transformaram votos em "gostos", minando o princípio de igualdade democrática.
O líder do governo de Espanha não poupou críticas aos líderes das grandes tecnológicas, que descreveu como um pequeno grupo de bilionários que, além de acumularem riqueza, agora ambicionam poder político. Entre os nomes mencionados, destacou Peter Thiel, ex-CEO da PayPal, acusando-o de contribuir para a desestabilização dos sistemas políticos.
“Estes tecnobilionários já não estão satisfeitos em deter poder económico. Agora querem também desmantelar as nossas democracias”, alertou.
O primeiro-ministro espanhol defendeu que é urgente regulamentar as redes sociais para proteger as instituições democráticas. Propôs maior transparência nos algoritmos, o fim do anonimato online e a responsabilização direta dos proprietários das plataformas pelo conteúdo publicado.
Antes, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, já tinha falado em libertar os cidadãos da União Europeia (UE) dos “algoritmos controlados pelos oligarcas tecnológicos”, denunciando um “ataque à liberdade de expressão e de informação”.
Respondendo à presidente dos Socialistas & Democratas (S&D), Iratxe García, no Parlamento Europeu (PE) em Estrasburgo, em França, António Costa disse ser necessário utilizar a legislação da UE para “proteger os cidadãos, a liberdade de expressão e de informação, contra os algoritmos controlados pelos oligarcas tecnológicos”.
António Costa considerou que “a democracia hoje está sob ataque” e que os populismos, por exemplo, são alimentados “pelas desigualdades”.
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