Com o Europeu de Futebol à porta, o SAPO TEK encontrou Diogo Alexandre Francisco, mais conhecido no YouTube como Daizer, a fazer as malas, pois vai assistir localmente a todas as partidas da Seleção Nacional, e só pensa regressar a Portugal no fim, com o segundo “caneco” conquistado pela equipa das quinas. Daizer tem 31 anos e criou o seu canal há cerca de 7 anos, desde logo para partilhar os vídeos dos melhores momentos a jogar com amigos de FIFA, PES e DayZ. “Não tinha qualquer intenção de ganhar dinheiro, era mesmo para guardar os melhores momentos”.
Uma carreira pautada pelo futebol, real e digital
No entanto, começou a fazer aquilo que se chamam as séries de vídeos dedicados a um tema, que no seu caso foi o modo de jogador no FIFA e PES, referindo que esses vídeos “arrebentaram”, com comentários e muitos likes. “Quando colocava um vídeo tinha 100 visualizações quase de imediato, mas no dia seguinte quando acordava e olhava o vídeo tinha cerca de 10 mil visualizações”. Com isso, foi cada vez mais apostando em conteúdo dos dois jogos de futebol, e o canal acabou por crescer muito.
"Desde pequeno que sou apaixonado por futebol, não é apenas trabalho, mas como adepto. Faz-me falta o futebol, como faz falta os afetos e o carinho que as pessoas precisam"
Quando criou o canal encontrava-se a acabar o curso de gestão de sistemas informáticos, longe de imaginar que iria transformá-lo no seu trabalho. Depois de terminar o curso foi estagiar para uma companhia área, a AeroAtlantic, mas já tirava alguns rendimentos do seu canal e já fazia algumas parcerias. No final do estágio, o canal já tinha um tamanho suficiente para investir a full time, algo que faz desde então, há cerca de quatro anos.
Desde cedo conheceu o RicFazeres no DayZ, e rapidamente ganharam uma grande química, que prevalece até hoje, onde gravam juntos nos seus canais. “O Ric deu-me conselhos na altura, pois já tinha o seu canal com mais de 100 vídeos, de como melhorar e tornar os vídeos mais apelativos”, diz o criador de conteúdo. Atualmente também faz outro tipo de vídeos como CS: GO, Call of Duty e Fortnite.
Mas desde o início que tinha o futebol como principal foco no canal. “Desde pequeno que sou apaixonado por futebol, não é apenas trabalho, mas como adepto. Faz-me falta o futebol, como faz falta os afetos e o carinho que as pessoas precisam”. E essa paixão tem levado Daizer a conhecer não só os estádios de futebol nacionais, como um pouco por todo o mundo, tendo viajado a muitos locais. “As pessoas têm o sonho de viajar pelo mundo. A minha ideia de conhecer o mundo é visitar os estádios e equipas favoritas, assim como os seus jogadores”.
Desde então não lhe faltam equipas e patrocinadores que o convidam para acompanhar as equipas e viajar para fazer os seus vídeos. Já esteve em finais da Liga dos Campeões, já foi ver os seus clubes de coração [Porto e Barcelona] e outros encontros no estrangeiro, que nunca pensaria em assistir se não fosse o YouTube. Agora está prestes a rumar ao Euro, o que lhe vai permitir viajar entre os respetivos países organizadores. “Só quero voltar depois da final!”
Mudanças nos tempos e exigência dos seguidores
Olhando em retrospetiva, o que mudou no YouTube desde que começou esta aventura? Daizer diz que mudou muito. “Naquela altura, em 2012-13, o público era muito reduzido. E a malta que assistia ao YouTube era da minha idade, entre os 17 e 19 anos. Agora penso que o público seja mais infantil, o que não é mal, mas procuram um determinado jogo e não a pessoa em si”. Diogo Alexandre diz que antes as pessoas davam preferência à pessoa e o conteúdo era secundário, ainda que interessasse. “Antes via-se Minecraft com a minha idade adulta, mas hoje já ninguém vê”.
Diz ainda que o público atual parece mais ansioso e exigente para mostrar mais e mais, mas que no seu caso “acho que tenho uma comunidade mais ou menos fiel, e que sabem com o que podem contar”. Os seus vídeos principais são os vlogs à porta dos estádios, mas como agora não os consegue fazer, os seus seguidores compreendem. “mas sei que se trouxesse esse conteúdo há cinco ou seis anos as pessoas viam tudo, porque iam ver-me a mim”.
Questionado se já tinha alcançado tudo o que queria com o seu canal, Daizer diz com sim, que já tem tudo o que precisava com o seu projeto: “tenho um público fiel, antes tinha de me apresentar às marcas e agora já andam atrás de mim no geral”. Porém, apesar de afirmar que tem tudo o que precisa atualmente, tem receio do futuro, de se manter em alta, se as pessoas não se cansam do seu conteúdo, de si mesmo, e que acabem por abandonar. “Mas neste momento sinto que consegui alcançar tudo”.
De toda a entrevista, Diogo Alexandre já estava à espera da pergunta mais difícil de responder: “FIFA ou PES”? Depois de pensar um pouco, destaca que prefere o FIFA por ser mais completo, por ter ligação dos jogadores e clubes, as licenças, patrocínios, as fotos e caras reais dos atletas. Mas explica que desde miúdo que se repartia entre os dois jogos, e conforme o ano em que um era melhor que o outro saltava entre eles. Os amigos também o condicionava, pois ia atrás deles conforme as versões que tinham comprado para jogarem juntos. Mas atualmente joga mais FIFA, que é o principal jogo do seu canal.
O RicFazeres é a sua única referência nacional
Como inspirações para o seu canal, Daizer destaca duas referências no estrangeiro, que atualmente já são amigos: DJ Mario e Castro, um americano de origem mexicana. “Isto porque o Ric em Portugal é a minha única inspiração”, salienta o criador, demonstrando total carinho pelo seu companheiro RicFazeres. “Quando me tornei mais profissional no FIFA acabei por acompanhar e me focar no sucesso destes criadores, na forma como trabalhavam. Agarrei no melhor que eles oferecem e tentei trazer para Portugal”, destacando que, entretanto, já teve oportunidade de trabalhar com os mesmos, sobretudo com o Mario, companhia frequente durante as viagens.
Os números das visualizações são sempre o principal “pesadelo” para os criadores de conteúdos, e para Daizer não é exceção. “Temos de olhar sempre para os números. Não vais querer ter trabalho e depois ninguém ver os vídeos. E se dedico o meu tempo, que é o meu trabalho a produzir o vídeo que não tenha feedback, fico triste”, salienta o criador. No entanto, refere que pela sua experiência nestes anos no YouTube, não são apenas as visualizações que contam, há que compreender sobretudo as razões para as suas oscilações, como por exemplo os horários da escola, se há férias, etc. Mas se um vídeo não tiver as visualizações que desejaria no lançamento diz ficar triste e desmotivado, pela falta de feedback imediato. Mas tudo se recupera, acrescenta.
O seu principal desafio e dificuldade é arranjar tempo, diz. “Antes podia gravar quatro ou cinco vídeos num dia, para ir publicando ao longo da semana. Hoje diz-se aflito para arranjar tempo para gravar um vídeo num dia. “Faço tudo, a gravação, a edição, os thumbnails, a colocação no YouTube”, demorando cerca de três ou quatro horas por cada vídeo. Apesar de ter agora equipamento melhor, que lhe permite poupar algum tempo no processo, ainda assim tem outras tarefas como reuniões com parceiros e patrocínios, as suas viagens, e outros. Por isso, diz que faz streams para dar mais conteúdo aos seus seguidores.
Os efeitos da pandemia…
Daizer partilhou o efeito negativo da pandemia de COVID-19 no seu trabalho. Sobretudo porque a sua rotina mudou muito, quando os estádios ficaram interditos de visitar. Os seus seguidores também notaram essa mudança. “Tive de criar outro tipo de conteúdo, que tivesse a ver com futebol. Como tenho contacto de jogadores, como o João Félix, que durante a pandemia fez live streams comigo”. Diz que conseguiu adaptar o seu conteúdo de FIFA e expandiu-se para outros jogos, embora sinta que perdeu público pela falta de vlogs nos estádios.
Diz ainda que se foi abaixo durante a pandemia, pois não conseguia libertar-se dos pensamentos negativos da falta de jogos e viagens aos estádios. “Trouxe mais coisas más do que boas, mas as boas deu para conhecer melhor o meu público e ter de me reinventar”.
Perguntámos como reagiria a novas oportunidades proporcionadas pelo seu canal, e Daizer diz que nunca pensou muito sobre isso. “Mesmo que tivesse uma oportunidade para ser comentador televisivo, nunca iria deixar de ter o meu canal, com mais ou menos vídeos”, responde. Diz que com o tempo aprendeu a organizar o seu tempo e fazer mais coisas em simultâneo. “Se tivesse outro trabalho profissional que me ocupasse o dia todo, teria de me reinventar para ter conteúdo, se calhar menos, mas o canal iria manter-se”.
Revela ainda que teve de abdicar de muita coisa em prol do canal, nomeadamente de estar com os seus amigos a jogar futebol e a estar com a família. Deixou de ir tantas vezes ao cinema para ficar a trabalhar. “Muita gente vai parar para ver o meu conteúdo, por isso, também tenho de parar e abdicar de outras coisas para produzir esse mesmo conteúdo”.
E para quem está a começar agora no YouTube deixa alguns conselhos: “Ser uma pessoa positiva, acreditar sempre em vocês e lutar muito pelo que acreditam, e pela carreira”. Para Daizer os criadores devem ser o mais profissionais possível, porque há marcas que estão a ver os vídeos no YouTube e se notarem que a pessoa “é de bem e profissional” no seu trabalho vão notar. “As coisas vão chegar com o tempo, seja três dias, três semanas ou três anos, e se lutarem, as portas vão abrir-se”. Finaliza dizendo que também é necessário um pouco de sorte…
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