A Comissão de Proteção de Dados irlandesa (DCP na sigla em inglês) abriu duas investigações formais à Google e ao Tinder. Em questão está a forma como as empresas lidam com as informações privadas dos utilizadores europeus, sendo que a entidade reguladora suspeita que as estejam a violar o Regulamento Geral de Proteção de Dados.

A DCP afirmou, em comunicado, que tem vindo a receber diversas queixas de grupos europeus de defesa do consumidor relativamente à forma como a Google processa os dados de localização dos utilizadores. Em resposta, um porta-voz da Google indicou à imprensa internacional que a empresa está disposta a colaborar com a DPC e que “continuará a trabalhar em proximidade com reguladores e grupos de defesa do consumidor por toda a Europa”.

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Já no que toca ao caso do Tinder, o regulador irlandês indicou que vai analisar a forma como a aplicação de encontros recolhe dados, e verificar se a empresa está a cumprir as regras relativamente aos utilizadores europeus que querem que as suas informações sejam eliminadas. À semelhança da Google, a Match, a empresa por trás do Tinder, afirmou à imprensa que vai colaborar totalmente com a DPC.

A decisão da entidade reguladora irlandesa surge após um relatório do Conselho Norueguês do Consumidor, em parceria com a empresa de cibersegurança Mnemonic, ter revelado que existem 10 aplicações, nas quais se inclui o Tinder, que violam a privacidade dos seus utilizadores e não cumprem as normas do RGPD.

O relatório refere que as aplicações forneceram dados de utilizadores a 135 empresas da área da publicidade ou de análise de perfil comportamental, incluindo o endereço IP, a localização GPS até o seu sexo e idade. As informações recolhidas podem ser usadas para rastrear os consumidores e personalizar os anúncios que surgem nas plataformas, “prevendo”, por exemplo, as suas crenças religiosas ou orientações sexuais.

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Caso a Google ou o Tinder não estejam, de facto, a cumprir o RGPD, a entidade reguladora irlandesa pretende avançar com multas avultadas. Desde que o regulamento foi implementado em maio de 2018 até 27 de janeiro desde ano, já foram identificadas 160.921 mil violações de dados pessoais, sendo que a totalidade das coimas aplicadas rondam os 114 milhões de euros. Em destaque, está a multa de 50 milhões de euros aplicada pela CNIL, a autoridade francesa de proteção de dados, à Google em 2019.