Numa mensagem publicada no Telegram, na qual comenta pela primeira vez publicamente o caso, o franco-russo defende-se da investigação das autoridades francesas, que o acusaram de vários crimes relacionados com o seu serviço de mensagens encriptadas, sugerindo que não deveria ter sido pessoalmente visado.
"Usar leis da era pré-smartphone para acusar um presidente executivo de crimes cometidos por terceiros na plataforma que ele gere é uma abordagem errada", diz no post.
Sustentando que "construir tecnologia já é difícil o suficiente", Pavel Durov avisa que "nenhum inovador jamais construirá novas ferramentas se souber que pode ser pessoalmente responsabilizado por possíveis abusos dessas ferramentas".
Embora assegure que o Telegram não é "uma espécie de paraíso anárquico", Durov admite que o aumento do número de utilizadores do Telegram "causou dores de crescimento que tornaram mais fácil aos criminosos abusarem da plataforma".
"É por isso que assumi como objetivo pessoal garantir que melhoramos significativamente as coisas a esse nível. Já iniciámos esse processo internamente e compartilharei mais detalhes sobre o nosso progresso muito em breve", referiu.
A justiça francesa indiciou a 28 de agosto o fundador do Telegram por crimes relacionados com a plataforma de mensagens encriptadas, tendo-o libertado sob apertada vigilância judicial.
O controlo judicial implicou um depósito de cinco milhões de euros, a obrigação de comparecer duas vezes por semana numa esquadra e a proibição de sair do território francês, segundo a procuradora de Paris, Laure Beccuau.
O processo inclui 12 acusações relacionadas com a divulgação através do Telegram, plataforma que conta com quase mil milhões de utilizadores de conteúdos relacionados com tráfico de droga, pornografia infantil e burlas.
A lista de crimes inclui cumplicidade na administração de uma plataforma online para permitir transações ilícitas por parte de gangues organizados, recusa em cooperar com as autoridades através da partilha de documentos ou informações necessárias para evitar atos ilegais e cumplicidade em fraudes e tráfico de droga.
O bilionário de origem russa, de 39 anos, foi detido a 24 de agosto após aterrar num avião privado no aeroporto privado de Le Bourget, perto de Paris. Durov, que também tem nacionalidade francesa e dos Emirados Árabes Unidos (EAU), reside no Dubai, onde a plataforma Telegram tem a sua sede.
O fundador do Telegram está também a ser investigado em França por "violência agravada" contra um dos seus filhos, segundo revelou à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo.
O crime terá sido cometido contra um filho nascido em 2017, enquanto frequentava a escola em Paris, acrescentou.
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