Ainda falta algum tempo para o amadurecimento das redes 5G, mas já se fazem testes para futuras gerações das infraestruturas sem fios. A normalização das infraestruturas do 6G não deverá estar pronta antes de 2030, mas isso não significa que não se façam testes de laboratório a novas tecnologias que pretendem continuar a levantar as velocidades de transmissão.

Um grupo de engenheiros da UCL estabeleceu um novo recorde de transmissão de dados wireless, o que deixa antever novas possibilidades na tecnologia de comunicação. O grupo conseguiu enviar dados pelo ar a uma velocidade de 938 Gb por segundo, utilizando um campo de frequência entre os 5-150 GHz. Os investigadores dizem que a velocidade chega a ser 9.380 vezes mais rápida que a melhor média de velocidade de download utilizando 5G no Reino Unido, que atualmente está nos 100 MB/s. O grupo diz que o total da largura de banda a 145 GHz é mais de cinco vezes maior que a utilizada na anterior transmissão de dados que registou o recorde do mundo.

A UCL explica que as redes wireless transmitem informação utilizando ondas de rádio através de frequências. Mas os atuais métodos de transmissão wireless, tais como o Wi-Fi ou o 5G, operam predominantemente em baixas frequências, abaixo dos 6 GHz. O congestionamento desta frequência tem limitado a velocidade das comunicações sem fios.

Para resolver essas questões, a equipa da UCL transmitiu a informação através de um raio de frequências mais abrangente, combinado com tecnologias óticas e de rádio pela primeira vez, num estudo publicado no The Journal of Lightwave Technology. Os resultados podem indicar o caminho para uma utilização mais eficiente do espectro das frequências sem fios, esperando-se que ajudem a resolver o aceleramento dos desafios crescentes das redes de dados wireless nos próximos três a cinco anos.

A equipa da UCL foi liderada pelo investigador Zhixin Liu, que escreveu o estudo e destaca que os atuais sistemas de comunicação sem fios continuam a ter dificuldades em liderar com as crescentes necessidades de circulação de dados a alta velocidade. E aponta que a capacidade nos últimos metros, entre o utilizador e a rede de fibra ótica está a prender-nos.

A abordagem da equipa é usar mais das frequências disponíveis para aumentar a largura de banda, mantendo sempre elevada a qualidade do sinal, oferecendo flexibilidade no acesso a diferentes recursos de frequência. Dessa forma ultrapassa o obstáculo da velocidade entre os terminais do utilizador e a internet. Na experiência foi utilizada pela primeira vez uma combinação de duas tecnologias wireless existentes: eletrónica de alta velocidade e um sistema designado por “millimetre wave photonics”. Através deste sistema foi transmitido largas quantidades de dados a velocidades sem precedentes, “que vão ser cruciais para o futuro das comunicações sem fios”, aponta o cientista.

Futuras redes amadurecidas do 5G e a próxima geração 6G, vão oferecer velocidades de internet mobile mais rápidas e com ligações mais estáveis. Os ambientes com muita densidade populacional ou eventos de grande escala, tais como concertos, vão permitir aceder à internet sem abrandamentos.

Em termos práticos de comparação, um filme de duas horas em 4K Ultra HD, pesando 14 GB, poderia demorar cerca de 19 minutos a fazer download nas redes 5G a 100 Mb/s. Com a nova tecnologia, esse mesmo filme pode ser sacado em qualquer coisa como 0,12 segundos.