A adoção acelerada da economia digital, impulsionada pela crise que o surto de COVID-19 está a gerar, pode estar a contribuir para agravar o fosso digital existente entre algumas regiões do mundo. O aviso baseia-se nos resultados de um estudo da UNCTAD, que demonstram como o “mundo digital” está a funcionar, mas não de forma igual para todos.
De acordo com a unidade de Comércio e Desenvolvimento das Nações Unidas, a crise global provocada pela pandemia está a conduzir a um mundo ainda mais digital e a mudanças de comportamento que, muito provavelmente, terão efeitos que permanecerão quando a economia começar a recuperar. “Mas nem todos estão preparados para abraçar uma existência mais digital”.
Os resultados da análise indicam que a crise económica causada pelo surto de COVID-19 está a apressar a adoção de soluções, ferramentas e serviços digitais, acelerando a transição global para a chamada economia digital. Ao mesmo tempo, expõem o abismo que separa “ligados” e “não ligados”, revelando o acentuado atraso tecnológico de muitos.
"As desigualdades no acesso ao digital dificultam a capacidade que algumas partes do mundo têm de aproveitar as tecnologias que nos ajudam a lidar com a pandemia de coronavírus enquanto estamos em casa", refere Shamika Sirimanne, diretora de tecnologia e logística da UNCTAD.
“É uma situação com implicações significativas que não podem ser ignoradas. Temos de garantir que não deixamos os menos 'equipados' digitalmente ainda mais para trás no mundo pós-coronavírus”.
Surto também demonstra contributo inegável das tecnologias
À parte da possibilidade de o fosso digital aumentar, a análise também mostra quão importante a tecnologia está a ser como ferramenta para manter a continuidade da atividade das empresas e o quotidiano da vida do dia a dia das pessoas.
O relatório das Nações Unidas indica que as medidas de contenção da pandemia do novo coronavírus têm visto mais empresas e governos a apostarem na internet para disponibilizarem os seus serviços.
Diferentes plataformas digitais também estão a prosperar, à medida que os consumidores procuram por entretenimento, oportunidades de compras e novas maneiras de se conectarem durante a crise.
"Há aspetos positivos incríveis emergentes que mostram o potencial de um mundo digitalmente transformado", reconhece Sirimanne.
Telemedicina, teletrabalho e elearning são vertentes que a digitalização está a impulsionar. Também está a gerar mais dados sobre a expansão do vírus e a contribuir para a produção e troca de informação para as pesquisas científicas.
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