O mais recente relatório do Observatório de Cibersegurança do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), dedicado à componente social da cibersegurança, revela que, apesar de se verificar uma grande intensificação do uso do digital, as atitudes dos portugueses em relação às práticas de cibersegurança nem sempre correspondem aos seus comportamentos.
Os dados dão a conhecer que se verifica um crescimento na intensidade de uso da Internet, assim como de utilizadores da mesma, em Portugal, explicado em grande parte pelo contexto da pandemia de COVID-19.
O crescimento abrange alguns dos serviços mais críticos da ciber-higiene, email, as videochamadas, as mensagens instantâneas, as pesquisas de informação online, a banca online e o comércio eletrónico. Destaca-se ainda a persistência de um uso muito elevado das redes sociais comparando com a média da União Europeia.
Quais são as atitudes e comportamentos dos portugueses em relação à cibersegurança? O relatório detalha que aquilo que as pessoas percecionam e sabem nem sempre corresponde ao que fazem, o que acaba por trazer consequências no uso de smartphones, na autenticação multi-factor ou na gestão da privacidade.
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O relatório indica que, embora se saiba mais do que a média da EU acerca da existência de sistemas de segurança nos smartphones, os indivíduos em Portugal têm menos cuidados de segurança na utilização dos mesmos.
Neste contexto, as pessoas do sexo masculino, os jovens e quem tem formação superior afirmam ter mais cuidados de segurança com o smartphone do que as pessoas do sexo feminino, os seniores e aqueles que têm uma formação básica.
A utilização de autenticação multi-factor é ligeiramente superior à média da EU, assim como da utilização do login das redes sociais para acesso a outros serviços online. Por outro lado, regista-se uma baixa utilização de certificados digitais ou leitores de cartões como métodos de identificação online.
Os dados dão a conhecer que os indivíduos do sexo masculino, os mais novos e aqueles que possuem formação mais elevada tendem a utilizar mais procedimentos de identificação de serviços online e mais complexos.
A função e uso dos cookies é um dos indicadores onde os indivíduos em Portugal têm menos conhecimentos e comportamentos menos cuidadosos em comparação com a média da UE. No entanto, verificam-se valores acima da média no que toca à aplicação de práticas de gestão dos dados pessoais na Internet, sendo que o perfil do indivíduo mais cuidadoso, neste caso em matéria de privacidade e proteção de dados pessoais, tende a ser do sexo masculino, jovem e com estudos superiores.
As preocupações com a possibilidade de as eleições serem manipuladas por meio de ciberataques têm vindo a crescer em Portugal, numa tendência contrária à média da UE. Há uma tendência semelhante no que toca às preocupações relativamente ao voto eletrónico, entre eventuais fraudes ou ciberataques. Em Portugal há um elevado nível de exposição a desinformação, se bem que abaixo da média da UE.
Olhando para o setor público, o relatório aponta melhorias em vários aspetos da segurança das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), porém ainda existe uma falta de recursos a este nível.
No que respeita às tendências de sensibilização e educação em cibersegurança, verifica-se que os cursos online massificados gratuitos (MOOC) de sensibilização têm um potencial de alcance elevado em comparação com sessões presenciais ou à distância. No entanto, as entidades que realizam ações de sensibilização tendem a não fazer uma avaliação da eficácia das suas estratégias no comportamento do seu público-alvo.
Regista-se um aumento do número de cursos superiores de cibersegurança e segurança de informação, assim como de alunos inscritos e diplomandos, embora exista apenas uma licenciatura e um doutoramento, destacando-se ainda uma percentagem relativamente baixa de mulheres entre os alunos desta área.
Em conclusão, o relatório indica que se tem assistido a uma melhoria progressiva em alguns dos indicadores da componente social da cibersegurança. É possível notar um crescente investimento na sensibilização e na educação, sendo que a temática começa a fazer parte dos discursos e das ações na esfera digital, algo que tem consequências a nível legislativo, político e económico.
No entanto, os especialistas sublinham que há um longo caminho a percorrer. A integração da temática da cibersegurança na educação formal e informal é fundamental, sobretudo para as crianças. O processo de aprendizagem requer também uma constante atualização, uma vez que os riscos do ciberespaço estão em mudança com o passar do tempo.
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