Mais da metade dos clientes de eletricidade na Europa já se ligam à rede que a fornece através de contadores inteligentes. Portugal está entre os cinco países da União Europeia onde a transição para os contadores inteligentes mais cresceu no ano passado e onde mais vai crescer, nos próximos cinco.
Em dezembro de 2020 existiam nos 27 países da UE e mais três regiões contabilizadas também no estudo da Berg, 150 milhões de smart meters, que representavam 49% do mercado e traduziam uma taxa de crescimento anual média de 7,2%. Os cálculos da consultora indicam que em 2026, a UE estará em condições de ter instalados mais de 227 milhões destes meters, o que representa uma penetração da tecnologia superior a 70%.
França foi o país que liderou este crescimento em 2020, seguida por Itália. O top 5 fecha com o Reino Unido, Holanda e Portugal. Nas previsões para os próximos cinco anos, estima-se que França continue a liderar no volume de instalações (os dados considerados no estudo são mais precisamente os dos envios de dispositivos para os operadores que os instalam). Seguem-se Áustria, Bélgica, Polónia e Portugal.
A crescer está também a penetração de contadores inteligentes para o gás. No final do ano passado estavam já instalados em toda a Europa 39 milhões de unidades destes dispositivos. Até 2026, a estimativa é que o número cresça para 70 milhões.
Para os próximos anos, e no que se refere aos contadores inteligentes de eletricidade, a expectativa é que o mercado abrande, à medida que a generalidade dos países complete o grosso desta transação, no que se refere à primeira adoção de contadores inteligentes. Em compensação,começará a ganhar terreno a instalação de contadores de segunda geração, que em 2026 já deverão representar um terço do total das instalações feitas.
As tecnologias usadas nestes contadores também estão a mudar e se no final de 2020 só 25% dos contadores instalados comunicavam informação via rede (móvel) sem fios, em 2026 isso deve acontecer em 57% das instalações.
Portugueses tiram pouco partido dos contadores inteligentes
Um relatório divulgado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos em agosto do ano passado, que analisava esta realidade entre os consumidores de serviços de baixa tensão normal (BTN), concluía que cerca de 52% das instalações já tinham contadores inteligentes. A quota representa 3,2 milhões de clientes, ainda que uma percentagem muito menor estivesse a tirar efetivamente partido disso.
"As instalações BTN integradas em redes inteligentes totalizavam, no final de 2020, 16% do total (1 milhão de clientes)", sublinhava a ERSE e só 38% estavam em condições de ter acesso a algum tipo de serviço remoto, como as leituras do contador, ou a possibilidade de alterar aspetos do contrato à distância.
Como também explicava a ERSE neste relatório, “a instalação de um contador inteligente, sendo condição necessária para a disponibilização de serviços mais avançados aos clientes, não é, contudo, condição suficiente”. Para além dessa instalação, é necessário garantir a comunicação remota entre o sistema central do operador da rede e o contador, desenvolver sistemas de recolha, tratamento, validação e disponibilização de dados desse mesmo operador, uma evolução com caminho ainda por percorrer.
Entre os problemas identificados estava a própria tecnologia que os operadores continuam a usar maioritariamente para assegurar estas comunicações, o PLC, que tem algumas limitações. Uma vez estabelecida esta comunicação alguns serviços passam a ser imediatamente possíveis de disponibilizar. Serviços mais avançados ficam dependentes da integração da instalação dos clientes em redes inteligentes.
A previsão dos operadores, também referida no documento, é que até 2024, a quase totalidade dos clientes em baixa tensão normal tenha já acesso a contadores inteligentes.
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