Durante o Web Summit uma talk centrou-se na questão dos carros voadores, protagonizando David Wallerstein, Chief Exploration Officer da Tencent Holdings e Daniel Wiegand, CEO da Lilium Aviation, a propósito do mítico filme Blade Runner, cuja ação se passava em novembro de 2019, e neste os carros já voavam. Estamos assim tão atrasados? Nem por isso, a Lilium Aviation já havia anunciado o seu protótipo de táxi voador para cinco lugares, uma tecnologia possível com o apoio da Tencent. E não é a única nesta corrida, tendo como competição o Cora de Larry Page, a Uber, e até a NASA sonha em construir "auto-estradas no céu".

As empresas referem que é necessário rearquitetar a Terra para os 10 mil milhões de habitantes viverem de forma sustentável em 2050. As mudanças climatéricas vão afetar a energia, a agricultura, as doenças, e por isso é necessário começar a planear soluções para esses desafios. A empresa afirma que há cada vez mais estradas e as cidades continuam a crescer. Mas ao mesmo tempo, com mais estradas há mais carros, que claro, vão requerer mais combustível, mais petróleo. E as estradas são o maior investimento que os países fazem na sua infraestrutura, maior que os serviços de água, por exemplo.

Por isso, a pergunta que surge é como reduzir a congestão das estradas e sobretudo, como unir a vida rural à vida citadina, mantendo a produtividade, mas aumentando o bem-estar das pessoas? A empresa refere que há novas formas de energia, através da eletricidade e ar para criar novas infraestruturas.

O fundador da Lilium Aviation falou do seu Lilium Jet, afirmando que se conseguir ultrapassar todos os desafios pode resolver alguns dos problemas ligados aos meios de transporte. Na sua visão, qualquer pessoa poderá ter o seu próprio veículo voador para se deslocar para onde quiser. O protótipo é controlado do solo, levanta voo na vertical, mas depois desloca-se como um pequeno avião, com uma autonomia de 300 quilómetros com uma carga de bateria, a uma velocidade de 300 km/h, e quando chega ao destino volta a aterrar na vertical.

A empresa pretende oferecer um perímetro alargado com o seu aparelho dentro de uma hora, fazendo uma comparação com os carros e comboios, viajando durante esse período entre Boston e Nova Iorque. Mas para colocar no ar, é preciso uma infraestrutura que é necessário construir, baseado na segurança, estando neste momento à espera de uma certificação que consiga obter uma média de um acidente fatal ou menos, por cada mil milhões de horas de voo. A empresa está a estudar baterias especiais para diminuir riscos associados.

O segundo aspeto a ter em conta é o barulho, com o aparelho a demonstrar ser 10 vezes mais silencioso que um helicóptero. A poluição visual é outra preocupação da empresa, referindo que não deixa marcas no céu durante a deslocação.

Mas o principal trunfo da empresa e da tecnologia do avião é exatamente a ausência de tráfego no céu. A empresa espera poder transportar um milhão de pessoas por ano, introduzindo os “aeroportos” no alto dos edifícios ou em pequenas áreas, seja em locais urbanos como rurais.

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Outra regra de ouro para a empresa é o preço do transporte, com a promessa de o custo das viagens serem o mesmo que um táxi convencional. Consegue andar 6-7 vezes mais rápido, e transportar uma carga de 2-3 vezes que os veículos terrestres. Um piloto destes carros voadores pode ganhar três ou quatro vezes mais que um motorista de táxi, mas também consegue uma maior produtividade.

E como isso vai afetar as nossas vidas? O líder da empresa refere que a nossa vida é dependente dos transportes e da conectividade, por isso, com o seu veículo, as pessoas podem viver no campo e trabalhar na cidade.

Há de facto um novo paradigma em transformação, só não foi referido quando é que os carros de Blade Runner vão circular no céu…

O Web Summit visto pelo SAPO TEK

O SAPO TEK está a acompanhar o Web Summit e para além das notícias de antecipação, nos próximos dias vai trazer os temas e as tendências mais relevantes. Encontramo-nos pelo Web Summit ou Night Summit?
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