Em 2016, a Guarda Nacional Republicana formou os primeiros pilotos de aeronaves não tripuladas, conhecidos como drones, naquele que foi o primeiro curso “Remote Piloted Aircraft Systems” realizado em Porto de Mós e Pombal, em Leiria. Desde então, a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR realizou até setembro de 2024 219 missões, num total de 1.290 voos em 554 horas de voo. Os drones foram utilizados em operações de emergência, proteção e socorro, como em missões policiais.
Em entrevista ao SAPO TEK, o Major João Pedro Lopes Fernandes destaca que em 2016 os drones foram integrados no Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro, mas que em 2018 mudaria de nome, por decisão da tutela, por ter dobrado o número de militares associados, passando a ser a Unidade de Emergência, Proteção e Socorro. Inicialmente foram usadas aeronaves de asa fixa, drones que tinham capacidades e aplicabilidades diferentes, mas atualmente apenas utilizam sistemas de asa rotativa.
“Atualmente temos o objetivo de ter oito equipas em todo o país, mas implementadas temos atualmente três: na zona norte em Mirandela, na zona centro em Coimbra e na zona sul em Loulé”, explica o Major João Fernandes. Em relação ao curso, trata-se de uma formação interna da GNR, sendo a entidade formadora e também certificadora, cumprindo a legislação em vigor.
Veja na galeria imagens da unidade UEPS a manusear drones nas operações:
Conta ainda com o apoio da Força Aérea em Portugal, considerada a entidade com maior conhecimento teórico e na vertente prática. “Temos a ideia de que a Força Aérea se foca apenas em aeronaves tripuladas, mas também têm não tripuladas”. A parceria permitiu melhorar os cursos, que neste momento apesar de serem realizados pela UEPS tem formado militares de outras unidades da GNR, “nomeadamente a unidade de controlo costeiro e fronteiras, mas com drones totalmente diferenciados dos utilizados, preparados para missões de vigilância da costa”.
Relativamente às vantagens na utilização dos drones nas operações, o Major João Fernandes refere a dupla vertente de segurança e de proteção. “Em primeiro lugar somos militares da GNR, órgãos de polícia criminal e como forças da autoridade também fazemos missões de segurança (security), mas também na emergência de proteção e socorro (safety) também temos bastante empenhamento devido à especificidade da unidade”. Neste caso realizam missões de busca de pessoas desaparecidas, intervenções especializadas em ambientes aquáticos ou remotos, como é o caso das montanhas.
Ainda assim, fica esclarecido que o drone é uma ferramenta que não substitui o Homem, mas que é um apoio insubstituível na gestão das operações e sobretudo o apoio à tomada de decisão de quem está a gerir a ocorrência, que ganha uma imagem privilegiada do teatro de operações. “Destacaria as missões que temos realizado na busca a pessoas desaparecidas, em que o drone é um elemento diferenciador, não apenas pela câmara de observação direta, mas também a utilização da inteligência artificial no reconhecimento da silhueta do ser humano e não menos importante, a questão térmica, para identificar se a pessoa está viva”. Aponta os vários casos de sucesso de deteção de pessoas com vida através do sinal térmico e com recurso aos drones.
Os drones podem ainda ser utilizados na vigilância e fiscalização da floresta, na deteção e monitorização de incêndios ruais, assim como o mapeamento de áreas ardidas. O reconhecimento dos aglomerados populacionais e florestais, utilização em situações de acidentes graves e catástrofe, além da busca e resgate de pessoas desaparecidas. Também é utilizado pela GNR em ações de sensibilização, apoio ao policiamento em grandes eventos ou recolha de provas em inquéritos de crime.
A UEPS também já participou em missões internacionais, com destaque em duas situações distintas, aponta o Major João Fernandes. A unidade integrou forças conjuntas no estrangeiro, como aconteceu em 2019 no destacamento para Moçambique, na sequência do ciclone Idai, em conjunto com os bombeiros e outras forças policiais. Os drones tiveram um papel importante na georreferenciação das zonas afetadas, na priorização dos locais a intervir.
Mais recentemente, em fevereiro de 2023, o terremoto que atingiu a Turquia e a Síria, a unidade foi destacada para a Turquia, tendo um papel bastante ativo sobretudo na busca e salvamento em estruturas colapsadas. Os drones podem ainda sobrevoar as áreas atingidas e conjugar com os meios na decisão das prioridades de atuação. “Infelizmente nestes cenários é preciso priorizar e catalogar as vítimas que seriam ou não possíveis de socorrer a curto prazo e os drones são uma ferramenta de apoio importante”.
Relativamente ao futuro da unidade, a tendência será de expansão, segundo Major João Fernandes. Apesar de estar presente em três locais, há a garantia de cobertura de todo o país. Mas o fluxo das missões tem vindo a crescer, não apenas na sua área de especialidade, mas também na segurança. Prevê dessa forma que o número de equipas da unidade cresça, devido à evolução da tecnologia, como a IA associada aos aparelhos que continua a ser uma ferramenta essencial. “O número de intervenções ao longo dos anos tem sido ascendente, quer por maior conhecimento da existência deste tipo de ferramentas, quer pela perceção clara que não substituindo o ser humano é elemento muito importante para as tomadas de decisão e um desfecho positivo das situações que nos deparamos”.
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