A Comissão Europeia vai retomar, no verão, a proposta para criação de um carregador universal na União Europeia (UE), abrangendo telemóveis, computadores e outros equipamentos, medida equacionada há vários anos e que conta com a resistência das tecnológicas. A proposta estava a ser discutida no Parlamento Europeu e foi aprovada em janeiro de 2020 por uma larga maioria dos eurodeputados.
A informação foi avançada pelo comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, que numa audição hoje na comissão do Parlamento Europeu com esta tutela, em Bruxelas, informou que, “até ao final do verão, a Comissão Europeia irá apresentar uma proposta legislativa para conseguir um carregador universal”.
“Estou realmente a dar muita importância a isto e o meu objetivo não é apenas trabalhar na questão de uma interface de carregamento comum, mas ir muito além disso e propor medidas adicionais para reduzir os resíduos eletrónicos ao longo da cadeia de produção”, acrescentou Thierry Breton. Segundo o Comissário Europeu, a ideia é incluir equipamentos como telemóveis, tablets, computadores, mas também assegurar que “outros dispositivos poderiam ser abrangidos”.
De acordo com dados do Parlamento Europeu, este tipo de produtos gera 51.000 toneladas de resíduos por ano. O lixo eletrónico é o fluxo de resíduos de maior crescimento na União Europeia e, para agravar mais a situação, menos de 40% é reciclado.
Esta ideia de introdução de carregador comum para reduzir a produção de resíduos eletrónicos já foi por diversas vezes defendida pela Comissão e pelo Parlamento Europeu, mas tem merecido a oposição de empresas tecnológicas como a Apple, que têm os seus próprios equipamentos.
Segundo Bruxelas, esta iniciativa iria permitir aumentar a produção sustentável na UE e prolongar a vida útil dos equipamentos. Em concreto, a questão de criação de carregador universal está a ser falada desde 2009, altura na qual existiam cerca de 30 modelos no mercado europeu e em que foi assinado um acordo voluntário entre as principais fabricantes de telemóveis na Europa para o harmonizar.
Isto permitiu reduzir o número de modelos e, atualmente, existem três principais tipos de carregadores no mercado europeu: USB 2.0 Micro B, USB C e o sistema Lightning, utilizado exclusivamente por dispositivos Apple. Porém, o acordo entre a indústria expirou em 2014, pelo que o Parlamento Europeu tem vindo a exortar a Comissão Europeia a adotar regras vinculativas para desenvolver um único carregador, mas a iniciativa nunca chegou a avançar.
Em janeiro de 2020, o Parlamento adotou mesmo uma resolução em que solicitava à Comissão que introduzisse um carregador padrão deste tipo. Apesar dos benefícios para os utilizadores, os fabricantes estão relutantes em adotar um único modelo, particularmente a Apple, cujos carregadores só podem ser utilizados com dispositivos da marca.
Anterior presidente executivo de companhias tecnológicas como a Thomson, France Télécom e Atos, Thierry Breton assumiu, então, o compromisso de avançar com uma proposta legislativa sobre este carregador comum, texto que teria depois de ser negociado com os 27 Estados-membros no Conselho e o Parlamento Europeu.
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