A pandemia de COVID-19 parece ter sido o rastilho necessário na aceleração e na necessidade de uma maior resiliência nas empresas. E segundo a IBM, influenciou também a resiliência das cadeias de fornecimento, dos registos de saúde digitais e dos ecossistemas distribuídos que ajudam as organizações, tanto do sector público, como privado, a manterem o fluxo dos produtos essenciais, coordenando respostas.

Apesar de um maior foco nestas áreas durante 2020, a IBM prevê que as mesmas vão continuar a influenciar o desenvolvimento e, cada vez mais, a adoção da tecnologia blockchain nos próximos anos. Nesse sentido, a empresa traçou cinco cenários e previsões de como o blockchain pode ajudar as empresas e cidadãos a regressarem à normalidade durante 2021.

Atestados médicos digitais para o regresso ao trabalho

As provas do estado de saúde das pessoas são essenciais para viajar, mas também para regressar ao trabalho. Os empregadores necessitam de obter dos seus colaboradores essas provas de forma a evitar contágios no local de trabalho. A pandemia veio acelerar a necessidade da criação conjunta de uma infraestrutura digital entre os fornecedores de testes, governos e empresas de tecnologia para apoiar esses mesmos registos. Segundo a IBM, a tecnologia blockchain pode dar uma ajuda, incluindo a sua plataforma de registo de saúde digital IBM Digital Health Pass, que pode ser adotada no registo, mas também na proteção dos dados pessoais e privados dos utilizadores.

Inteligência artificial e automatização

A IBM refere que a IA e a automatização podem ajudar a desbloquear mais valor quando integrados com dados confiáveis fornecidos pelo blockchain. Pegando no exemplo do seu módulo IBM Food Trust’s Freshness, o sistema pode ditar os produtos que estejam nas prateleiras em fim de prazo. Este tipo de plataformas permite às empresas manter uma visibilidade do inventário de produtos durante os períodos de maior procura. Os produtos podem ser reordenados automaticamente quando certos limites são alcançados, assim como no caso do envio, escolher o método mais sustentável e económico.

Mais produtos de supermercado monitorizados por blockchain

A IBM considera que em 2021 a barreira de entrada mais baixa para o blockchain vai acelerar a sua adoção em toda a cadeia de fornecimento de alimentos. Isto fará com que mais produtos acabem por ser monitorizados pela tecnologia, visíveis em supermercados e pontos de venda. É referido que os custos da tecnologia blockchain desceram, assim como o tempo necessário para obter retorno positivo da mesma, durante 2020.

Isso deve-se ao facto da integração de blockchain em outras soluções que permitiram às empresas beneficiar de mais especificidade e escolha de redes disponíveis. A cloud híbrida e a capacidade de escalar tornou a rede mais flexível para responder à procura e, dessa forma, possibilitou às organizações começarem a sentir rapidamente o seu valor. Um estudo realizado pela IBM revelou que 41% das organizações demonstraram valor nas iniciativas ligadas a blockchain em maio de 2020.

A empresa destaca que, através de blockchain, os produtores de alimentos podem optar por áreas específicas da tecnologia, construindo as suas próprias redes para produtos como o vinho, marisco ou café. De notar que, devido à escassez de alguns produtos básicos durante a pandemia, reforçou-se a necessidade de maior visibilidade e resiliência da cadeia de abastecimento. As soluções de blockchain podem levar mais produtos rastreados a supermercados e cadeias de distribuição.

Blockchain pode ajudar na campanha da vacinação

Considerando a quantidade impressionante de vacinas necessárias para proteger as pessoas da COVID-19, a IBM salienta o papel que o blockchain pode desempenhar no processo. A tecnologia pode ajudar a fornecer uma visão precisa do inventário e otimizar a respetiva alocação das vacinas. Além da distribuição, a manutenção das cadeias de frio, assim com tentativas de fraude podem ser mitigadas através da tecnologia.

Nos países em desenvolvimento, entre 10 e 30% dos medicamentos são contrafeitos. Para mitigar o problema, os distribuidores da vacina terão de recorrer a tecnologias como âncoras de criptografia, para vincular um identificador digital que seja exclusivo a um objeto físico, com uma propriedade que seja difícil de clonar, falsificar ou transferir para outro objeto. E como exemplos, destaca marcas em padrões de tecido ou sinais óticos que ajudem a autenticar esses produtos e tornar a vacinação mais segura.

Tokens podem ajudar a valorizar stocks e a reduzir intermediários e burocracia

A IBM acredita que a “tokenização” vai ajudar a fornecer níveis adicionais de segurança e eficiência. Enquanto se torna mais comum, a próxima evolução da cadeia de abastecimentos terá inventários totalmente digitalizados. Os stocks digitalizados podem aumentar a proveniência das cadeias de fornecimento, através do capital das organizações, dando-lhes maior controlo e compressão dos seus ativos líquidos e dessa forma tomar decisões mais informadas.

Da mesma forma, considerando os ativos digitais, o número de intermediários e papelada podem ser reduzidos. E o problema de liquidez também é abordado, que afeta muitos ativos, desde imóveis, metais preciosos, belas-artes ou industriais, que não são facilmente convertíveis em dinheiro.