Investigadores da Escola Politécnica de Lausana e do Centro Médico da Universidade de Utrecht (LAPD) desenvolveram um método que permite esculpir formas em hidrogel com células-tronco em segundos, e depois vascularizar o tecido resultante, através da adição de células endoteliais. De acordo com a equipa, esta técnica de bioimpressão volumétrica pode "mudar o campo da engenharia de tecidos".
As células-tronco são células não diferenciadas com o potencial de se tornarem um dos 200 tipos de células no organismo, incluindo as células sanguíneas, as musculares e as cardíacas, por exemplo. E é certo que já existe uma técnica de bioimpressão convencional que reproduz réplicas deste tipo de células, mas o método explicado num relatório publicado em agosto na revista Advanced Materials, revela ser bastante mais rápido.
Enquanto a bioimpressão convencional é mais lenta, uma vez que envolve um processo de camada por camada, a técnica agora desenvolvida é "rápida e oferece uma maior liberdade de projeto sem comprometer a viabilidade das células”, explica Damien Loterie, investigador no LAPD. Por isso, a equipa garante que a técnica vai mudar a forma como os especialistas em engenharia celular trabalham, permitindo que criem uma nova espécie de órgãos, funcionais e personalizados.
O procedimento consiste na criação do tecido, através da projeção de um laser num tubo giratório repleto de um hidrogel com células-tronco. O tecido é então moldado através da concentração da energia da luz em locais específicos, que depois se solidificam. E ao fim de quanto é que se pode ver o resultado final? Passados alguns segundos surge suspensa no gel uma forma em 3D, e depois são introduzidas células endoteliais para vascularizar o tecido.
Com esta investigação, os autores mostraram que é possível concretizar uma construção de tecido de vários centímetros, algo que já é útil a nível clínico. Nos vários testes feitos a equipa construiu uma válvula cardíaca, um menisco e uma parte complexa do fémur, tendo também sido capazes de construir estruturas interligadas.
A partir deste método a "réplica das características do tecido humano pode levar a uma série de aplicações clínicas reais", assegura Paul Delrot, outro coautor da investigação. Desta forma, os laboratórios poderão produzir tecidos ou órgãos artificiais em massa a uma velocidade maior do que as restantes.
Acreditando que isto é apenas o início, o diretor da LAPD afirma que este método é "inerentemente escalável em relação à produção em massa e pode ser usado para produzir uma ampla gama de modelos de tecido celular, sem mencionar dispositivos médicos e implantes personalizados”.
Os métodos de bioimpressão permitem desenvolver e testar novas drogas, reparar tecidos danificados e até mesmo substituir órgãos inteiros no corpo humano.
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