Apesar do telescópio “caça-planetas” Kepler ter sido “reformado” em 2018, os cientistas ainda continuam a analisar os dados das suas descobertas. O Kepler-1649c é considerado o exoplaneta mais parecido com a Terra, seja pelo seu tamanho, apenas cerca de 6% maior, como a sua temperatura. Um estudo publicado no Astrophysical Journal Letters refere que o planeta rochoso orbita uma zona “habitável” da sua estrela, como é citado pela Forbes.
Os cientistas descobriram 4.144 exoplanetas através dos dados captados pelo Kepler, mas o Kepler-1649c é o mais semelhante ao Planeta azul. “É incrível como é que só agora o descobrimos, sete anos depois da recolha de dados do Kepler original ter parado”, destaca Jeff Coughlin, coautor do estudo no Instituto SETI.
Segundo o estudo, este novo planeta encontra-se a 302 anos-luz, na constelação Cygnus. Este orbita uma estrela de tipo M, não visível a partir da Terra, chamada Kepler-1649. A estrela é de massa baixa, também conhecidas como “anãs vermelhas”, facilmente encontradas na Via Láctea. O planeta consegue receber cerca de 75% de luz solar da sua estrela, mesmo que esta seja bem mais pequena que o nosso Sol, e o ciclo é de 19,5 dias.
O documento explica que os primeiros computadores que analisaram os dados classificaram o planeta como um falso positivo. A descoberta aconteceu devido a uma espécie de “double checking” visual, com muitos dos dados a serem conferidos “à mão”. E ironicamente, este planeta que já tinha sido descartado, é agora um dos mais curiosos dos que foram descobertos, reforça um dos especialistas envolvido no projeto.
A importância do planeta refere-se não só pelo seu tamanho, como temperatura, dois fatores importantes para “replicar” as condições de vida como a Terra. Os cientistas referem que existem outros exoplanetas mais próximos da Terra, mas que apenas se assemelham no tamanho, como o TRAPPIST-1f e o Teegarden-c; e outros com temperaturas semelhantes, como o TRAPPIST-1d e o TOI700d. Mas nenhum com os dois fatores como o Kepler-1649c, e ainda considerando que o planeta se encontra numa zona habitável do seu sistema.
A descoberta do planeta dá ainda dicas aos cientistas de que planetas de aspeto terrestre em órbita de estrelas-anãs de tipo M podem ser mais comuns, do que em torno de estrelas maiores. Considerando que existem várias estrelas-anãs espalhadas pela nossa galáxia, há cada vez mais potencial para encontrar planetas rochosos com condições de vida muito semelhantes à Terra. “Este mundo distante e intrigante dá-nos mais esperança de que uma segunda Terra se encontra entre as estrelas, à espera de ser encontrada”, refere Thomas Zurbuchen, administrador associado da NASA.
Relativamente a este novo planeta, o único problema para a existência de vida é a própria estrela-anã na qual orbita. Esta ocasionalmente “explode” em radiação, o que impossibilita o desenvolvimento de vida. O Kepler-1649c vai continuar a ser estudado, considerando que a sua atmosfera ainda é desconhecida e pode haver alterações de temperatura. Para tal vai ser utilizado o telescópio espacial James Webb, para saber se é possível ou não albergar vida.
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