Dmitri Rogozin, de 58 anos, será substituído por Yuri Borissov, que até agora ocupava o cargo de vice-primeiro-ministro responsável pelo complexo militar-industrial russo, que também inclui o setor espacial. Borissov, de 65 anos, vem das fileiras militares.
O responsável demitido, que chegou à liderança da Roscosmos em 2018, destacava-se no mundo monótono dos burocratas russos com a publicação de memes no Twitter ou frases chamativas e provocativas na rede social Telegram.
Em cinco anos nesta posição, no entanto, não conseguiu conter o declínio da indústria espacial russa, prejudicada pela falta de inovação, pela corrupção e por estar obsoleta. Em 2020, a Rússia perdeu o "monopólio" do envio de foguetões para o Espaço através dos lançadores Soyuz, com a chegada da SpaceX, do bilionário Elon Musk, a este panorama.
Desde a ofensiva russa contra a Ucrânia em 24 de fevereiro, Rogozin, que também foi embaixador russo na NATO, fez declarações beligerantes em relação ao Ocidente, elogiando a destruição que as armas nucleares russas poderiam infligir.
A cooperação russo-ocidental no campo espacial também foi prejudicada pela invasão da Rússia na Ucrânia. Essa mudança ocorre num cenário de crescentes tensões russo-ocidentais. Os russos e os norte-americanos acusam-se mutuamente de ambições militares no Espaço.
Recorde-se que, após a invasão russa da Ucrânia, a agência espacial europeia (ESA) suspendeu a colaboração com a Rússia em várias missões planeadas. Ainda em março, a ESA anunciou a suspensão do envio do robot Rosalind Franklin, da missão ExoMars, para Marte devido à impossibilidade de manter a cooperação com a Roscosmos.
Os lançamentos programados de satélites com foguetões russos Soyuz foram igualmente suspensos, na sequência da decisão da Roscosmos de retirar o seu pessoal da base espacial europeia, em Kourou, na Guiana Francesa. Já em abril, a ESA decidiu suspender a sua cooperação nas missões lunares russas na sequência da guerra na Ucrânia.
O envolvimento da Rússia na Estação Espacial Internacional também pode estar em causa e executivos da Roscosmos já chegaram a afirmar que sem a colaboração do país a ISS pode perder o controle e despenhar-se.
Mais recentemente, foi conhecido que a Rússia estava a tentar tomar controlo do telescópio espacial alemão eROSITA. Na altura, Dmitry Rogozin revelou que as equipas de especialistas russos iam continuar o seu trabalho no telescópio especial, acrescentando que a Roscosmos tomaria "decisões relevantes num futuro próximo”.
No final de junho a agência espacial russa foi alvo de um ataque informático, um dia depois de publicar fotografias de satélite dos “centros de tomada de decisão” do exército ucraniano que a Rússia ameaçou destruir se forem atacados territórios do país.
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