
A utilização de ambientes imersivos e gaming para recuperar doentes com danos neurológicos, provocados por um ataque cardíaco, ou tratar distúrbios obsessivos compulsivos, ou de equipamentos para recuperar a capacidade de comunicação, como o Halo, fazem parte de projetos que estão já a provar como a tecnologia, e a Inteligência Artificial podem ajudar a medicina e mudar o tratamento e cuidados dos pacientes. Os vários casos estiveram hoje em palco na Conferência Medica AI, na Fundação Champalimaud, e mostram o que já está a ser feito mas também o potencial de evolução e o futuro da medicina.
Na sessão de abertura, Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, lembrou que há muitas áreas onde a Inteligência Artificial pode apoiar o trabalho dos médicos mas que existem ainda muitos desafios, humanos éticos e regulatórios, assim como de transparência na tomada de decisão médica. Ainda assim reforçou a ideia que na Fundação “acreditamos que o sucesso dos esforços de IA deve ser medido de uma forma simples: se melhoram a da vida do pacientes. É para isso que estamos aqui”, defende.
“O que é realmente importante é que para os seres humanos todas estas transformações acabem por ser um sucesso”, afirmou Leonor Beleza.
A conferência Medica AI assinala também o dia do reconhecimento e valorização da Inteligência Artificial, que se celebra hoje, e Pedro Gouveia cirurgião e investigador na Unidade de Mama da Fundação Champalimaud, destacou a importância de olhar para o futuro da Medicina e para os vários caminhos que se traçam para usar a tecnologia.
A fusão entre a engenharia biomédica e a medicina é uma das áreas onde a mudança já está a ser feita, com a integração dos instrumentos para uma medicina mais precisa, personalizada e humana, e Elettra Marconi da Humanitas University contou a sua experiência de dupla graduação. “Devemos ser inovadores e não apenas utilizadores”, defendeu, promovendo o maior uso das tecnologias na medicina.
Inteligência Artificial como medicina
Como exemplo das áreas onde a tecnologia e a Inteligência Artificial estão a ser já usadas com sucesso, John Krakauer, investigador da Fundação Champalimaud, trouxe o caso da Neurotecnologia e do trabalho que tem feito para reduzir os danos neurológicos através da estimulação em ambientes imersivos, aplicada à reabilitação após um enfarte.
“Há mais de um século que sabemos que ambientes ricos e envolventes têm impactos positivos, mas a medicina não seguiu esse caminho e apostou em medicamentos e na procura do “comprimido mágico””, defendeu o investigador.
Isolados nos hospitais, em ambientes assépticos, os pacientes têm mais dificuldade de recuperar as suas capacidades, mas a investigação de John Krakauer quer promover a criação de salas de tratamento com estimulação imersiva, e realidade virtual, combinados com estimulação da medula espinal. Também já foi testada a utilização de psicadélicos, com psilocibina.
No edifício que está a ser remodelado na Fundação Champalimaud vai ser criada uma sala imersiva, a Neurotechnology Warehouse, e John Krakauer defende que no futuro, quando visitarmos os nossos familiares em recuperação, os vamos encontrar suspensos num tanque imersivo onde vão estar expostos a vários estímulos visuais e de movimento, com IA generativa.

O conceito também se aplica a quem tem transtorno Obsessivo-Compulsivo, que pode enfrentar os seus medos e traumas com a ajuda da realidade virtual.
Para John Krakauer estes pilotos que estão a ser desenvolvidos permitem “ultrapassar a ideia de que a Inteligência Artificial é apenas para análise de dados e para previsão e que serve para tratar doenças”.
O caso do Halo NeuroAI, e o trabalho feito a partir da Unbabel para melhorar a comunicação de doentes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que está a evoluir para permitir controle de algumas ações com agentes, e o exemplo de Marta Dombi, uma paciente que participou num estudo clínico que lhe permitiu voltar a andar depois de um acidente que a tornou paraplégica, foram também outros casos apresentadas durante a manhã na conferência Medica AI, assim como os projetos desenvolvidos por equipas da Fundação na criação de gémeos digitais para cirurgias e recursos ao poder da Inteligência Artificial para diagnósticos mais rápidos.
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