Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e talvez o último lugar onde se poderia pensar existirem glaciares, mas a descoberta recente de uma equipa de cientistas aponta para essa evidência - ou pelo menos para algo muito parecido.
As estruturas são parecidas às existentes na Terra só que, muito provavelmente, são feitas de sal, e não de gelo. Pelas suas caraterísticas, também poderão ser capazes de oferecer condições de vida para microorganismos em ambientes extremos.
Publicados no The Planetary Science Journal, os resultados da investigação indicam que os glaciares salgados de Mercúrio têm vários quilómetros de profundidade e apresentam uma configuração complexa, com depressões que formam buracos.
Os dados reunidos apontam para que se tenham formado na superfície já solidificada de Mercúrio no início de sua história, possivelmente até mesmo debaixo de água. A água libertada por vulcões quando o planeta era muito jovem teria formado, temporariamente, poças ou mares rasos de água líquida, permitindo a criação de depósitos de sal.
Depois, a consequente perda de água para o espaço e a retenção de água em minerais na crosta teriam deixado para trás uma camada dominada por sal e minerais argilosos, acumulando-se ao longo do tempo.
A evidência de glaciares salgados no planeta mais próximo do Sol não é apenas fascinante por si mesma, mas também porque traz consigo a possibilidade de existirem ambientes habitáveis nos “subterrâneos” de Mercúrio. O pensamento é que certos compostos de sal, que na Terra criam ambientes habitáveis em desertos extremos, possam desempenhar um papel semelhante em Mercúrio.
A descoberta muda completamente a forma como os cientistas viam a história geológica de Mercúrio e alarga a compreensão dos "parâmetros ambientais" que podem sustentar a vida no espaço.
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