O mistério do enorme evento cósmico que “sacudiu” a Terra a 9 de outubro do ano passado, parece estar resolvido. A explosão de raios gama GRB 221009A ficou conhecida como “A mais brilhante de todos os tempos” ou BOAT (Brightest Of All Time, em inglês) e foi registada por telescópios de todo o mundo que quase não conseguiam medi-la, de tão intensa.
A maioria das explosões de raios gama ocorre quando o núcleo de uma estrela mais massiva que o Sol entra em colapso, transformando-se num buraco negro. Esses fenómenos libertam em poucos minutos tanta energia quanto o Astro-rei em toda a sua vida.
Estudos de acompanhamento mostraram que a GRB 221009A foi 70 vezes mais brilhante e muito mais energético do que o registo anterior e, embora ainda não esteja completamente óbvio o porquê de tal ter acontecido, uma nova análise deixa algumas pistas sugestivas.
Resultando da morte de uma estrela massiva localizada a cerca de 2,4 mil milhões de anos-luz de distância, na direção da constelação Sagitta, a GRB 221009A colapsou num buraco negro após expelir um jato estreito e estruturado, numa forma não observada anteriormente, que arrastava uma quantidade incomum de material estelar e apontou diretamente à Terra, bem como outras características únicas.
Veja a animação em vídeo de uma explosão de raios gama como a BOAT
Com a ajuda do observatório NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA, os investigadores descobriram que o jato de matéria do GRB 221009A tinha um núcleo estreito “com asas largas e inclinadas”, uma característica que o diferenciava dos tipos de jatos vistos em explosões de raios gama anteriores, que assumem normalmente a forma de um cone de gelado.
Estas características também podem explicar por que os cientistas continuaram a ver o brilho de vários comprimentos de onda da GRB 221009A meses após a explosão.
Os resultados do estudo, publicados na revista Science Advances, sugerem que a origem dessas diferenças possa estar na estrela progenitora, cujas propriedades físicas podem influenciar as características da explosão. Também é possível que um mecanismo completamente diferente lance estes jatos mais brilhantes para o espaço.
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