O foguetão chinês terá cerca de 17 a 22 toneladas, o que faz dele um dos maiores objetos a reentrar de forma descontrolada na atmosfera terrestre, pelo que as autoridades estão a acompanhar o processo com toda a atenção. Um dos primeiros alertas foi dado pelo Pentágono, mas todos os olhos estão agora colocados sobre esta reentrada e o perigo do impacto, responsabilizando-se a China, que é acusada de irresponsabilidade.
Não existem certezas sobre onde é que poderá cair este segmento que fazia parte do corpo principal do foguete chinês Longa Marcha CZ-5B e que serviu para colocar em órbita o primeiro módulo da nova estação espacial da China. O SkyRobot é um dos sites que tem um acompanhamento ao minuto da trajetória do foguetão e há um vídeo em direto com os dados.
As primeiras notícias apontavam para uma queda no Pacífico mas foram entretanto atualizadas, sendo que o Oceano Atlântico é apontado como um dos destinos mais prováveis para a "aterragem" que deve acontecer por volta das 03h30 da madrugada do dia 9 de maio, hora de Portugal continental, segundo os dados do Serviço de Vigilância e Rastreio de Objetos no Espaço da União Europeia (EU SST).
Riscos de queda em zonas habitadas?
A janela de reentrada e a rota dos restos do foguetão não deixam ninguém descansado, sobretudo pela sua dimensão. Alguns cientistas têm afastado o risco de queda em zonas habitadas, apontando como mais provável o impacto no oceano, mas não há certezas.
Originalmente colocado numa órbita elíptica de 160 a 375 km de altitude a 29 de abril, o primeiro estágio do foguetão chinês que serviu para impulsionar o CZ-5B até ao seu destino tem vindo a perder altitude desde então.
A Aeropspace é outra das autoridades a seguir o rasto do foguetão de forma próxima, atualizando os dados regularmente.
Esta não é a primeira vez que a China se vê a braços com uma situação deste tipo. No ano passado, na primeira viagem de um foguetão idêntico, alguns dos restos dos lançadores cairam na Costa do Marfim mas sem causar estragos.
Em 2018 a estação espacial Tiangong-1 também acabou por regressar à Terra num voo descontrolado, rumo ao oceano pacifico. A viagem terminou sem danos maiores.
O problema do lixo espacial na órbita terrestre é reconhecido pela Agência Espacial Europeia como uma ameaça crescente para satélites e para outros veículo espaciais, em caso de colisão. Em 2019, os satélites operados pela agência tiveram que ser manobrados 21 vezes para se desviarem de detritos. Mesmo que nunca mais houvesse nenhum lançamento espacial, o lixo espacial continuaria a crescer devido a colisões que criariam ainda mais detritos.
Recorde-se que a Agência tem em curso projetos de remoção de lixo espacial da órbita da Terra e que recentemente anunciou ter celebrado contratos nesse sentido, com várias empresas, incluindo duas portuguesas.
Uma peça de um puzzle maior
O March 5B foi lançado no dia 29 de abril e ajudou a fazer chegar ao espaço o módulo principal da nova estação espacial chinesa, que deve estar pronta a funcionar em 2022.
A Estação Espacial chinesa vai orbitar a cerca de 230 milhas acima da Terra (370km), um pouco abaixo da Estação Espacial Internacional, que é quatro vezes maior. Desde o ano passado e até final deste ano, estão previstas 11 missões para construir a plataforma.
Quem quiser também já pode visitar a Estação Espacial com a ajuda de realidade virtual.
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