Depois do lançamento ter sido adiado várias vezes, a missão Artemis I partiu com sucesso no dia 16 de novembro, ainda de madrugada em Portugal, para um teste histórico do foguetão SLS e da cápsula Orion, no primeiro passo do regresso do Homem à Lua. Durante a missão a cápsula Orion vai viajar aproximadamente 40 mil milhas para lá da Lua e regressar à Terra em 25,5 dias, esperando-se o regresso no dia 11 de dezembro.
A missão não tripulada teve hoje mais um dos marcos relevantes, com a maior aproximação da cápsula à Lua, com uma passagem a cerca de 80 milhas (128,7 quilómetros) da superfície. O momento aconteceu perto das 13 horas de Lisboa e foi seguido através do streaming da conta oficial da NASA no Twitter.
Pelo caminho a Orion foi captando imagens impressionantes da Terra, mas também da Lua. Clique nas imagens da galeria para mais detalhes
A manobra da primeira aproximação é delicada mas correu na perfeição, com disparos do motor principal que permitiram colocar a Orion na rota certa que acerta o rumo para a órbita da Lua, que está prevista para daqui a quatro dias.
Este é um resumo em vídeo do percurso
Se tudo correr como planeado, no dia 25 de novembro vai realizar-se outra manobra crucial, mais um disparo do motor para colocar a Orion num caminho estabilizado a cerca de 64 mil quilómetros da superfície lunar, a qual permanecerá até ao dia 1 de dezembro. Neste dia, outro motor será disparado, mas com a função de trazer a cápsula de regresso à Terra, explica a Space.com. A chegada está agendada para o dia 11 de dezembro, com a missão a terminar com um mergulho no Oceano Pacífico, na costa da Califórnia.
Esta é a primeira vez que o foguetão SLS e a cápsula Orion voam juntos e a NASA assinala que é um novo capítulo para a exploração da Lua pelos humanos. A pressão tem sido grande nos últimos meses, depois de vários adiamentos da partida da Artemis I devido a problemas técnicos, mas a NASA foi sempre garantindo que estava tudo controlado e que não lançaria a missão enquanto não estivesse "tudo certo".
O sucesso desta missão não tripulada vai abrir portas ao regresso do Homem à Lua, mais de 50 após os primeiros passos na Lua, em 1969. A grande diferença é que o objetivo da missão Artemis é a estadia prolongada dos astronautas no satélite. Até ao final da década, a NASA planeia ter uma base de investigação na Lua.
Recorde na galeria a partida da missão Artemis I:
O envio dos astronautas à Lua, na missão Artemis II, está marcado para 2024. Apesar de ser uma missão tripulada, esta não vai pousar na Lua, mas sim fazer um voo em redor do satélite, regressando à Terra.
Só depois, na missão Artemis III, que tudo indica ser em 2025, a tripulação irá pousar na superfície lunar, onde se inclui a primeira mulher na equipa, fazendo mais uma vez História. Nessa missão, a tripulação vai permanecer cerca de uma semana, perto do polo sul da Lua. O acampamento será o alicerce para a base permanente que a NASA quer construir na Lua.
De recordar que a Axiom Space e Collins Aerospace são as mais recentes parceiras da NASA para o fornecimento de tecnologia e serviços na área dos passeios espaciais. Mais especificamente, as duas empresas vão ficar responsáveis por desenvolver fatos espaciais de próxima geração “que permitirão aos humanos explorar o cosmos como nunca antes”, refere a agência na nota de divulgação dos contratos.
O design dos fatos ainda não foi especificado, mas a ideia é que sejam leves, flexíveis e em diferentes tamanhos, isto porque até agora eram pensados para astronautas homens, o que limitava a caminhada espacial das profissionais mulheres devido às maiores dimensões. Até aqui, a NASA utiliza o mesmo modelo de fato espacial desde 1983, o EMU. O novo projeto foi avaliado em 3,5 mil milhões de dólares, num contrato válido até 2034. A primeira fase a cumprir inclui o desenvolvimento e serviços para a primeira demonstração fora da ISS, na órbita baixa da Terra e na alunagem da missão Artemis III.
"Vamos à Lua": O primeiro passo para o esperado regresso dos humanos
A Artemis I é uma missão não tripulada e pretende testar os sistemas tecnológicos do programa Artemis. Em vez de astronautas, a cápsula Orion transporta três manequins de teste. O que está na posição de comandante foi batizado como Moonikin “Campos” e conta com sensores para medir os efeitos da aceleração e vibração.
Os outros dois manequins, duas "mulheres", são feitos de materiais que imitam os ossos ou órgãos humanos. Um destes dois manequins vai vestido com um fato antirradiação e haverá instrumentos para medir as taxas de radiação recebidas a bordo.
O kit oficial de voo tem ainda uma série de elementos, e dois passageiros especiais, escolhidos para acompanhar a missão, os peluches da Ovelha Choné, que é uma mascote da ESA, e do Snoopy de Charles M. Schulz, que vai servir de sinal de orientação para teste de microgravidade.
Clique nas imagens para mais detalhes sobre a missão
Há ainda uma réplica 3D da deusa grega Artemis, sementes e uma pedra do Mar Morto, entre mais de 180 elementos fornecidos por várias agências espaciais e escolhidos em concursos que envolveram alunos e outras organizações.
42 dias, 3 horas e 20 minutos para um teste à capacidade de voltar à Lua
O calendário da missão estava definido desde há meses. Depois de circundar a Terra, o foguetão SLS deu o impulso para posicionar a Orion na trajetória da Lua, aproximadamente hora e meia depois da descolagem. Um módulo da Agência Espacial Europeia, ESA, aponta a cápsula ao seu destino e de regresso a casa, e no futuro é responsável por fazer o controle das condições de vida dos astronautas, com luz, água, oxigénio, nitrogénio e controlo de temperatura.
A viagem até à Lua durou cerca de quatro dias e a Orion vai estar a cerca de meio milhão de quilómetros de distância da Terra. A Estação Espacial Internacional, onde vivem e trabalham astronautas em permanência há mais de 20 anos, está aproximadamente a 400 quilómetros.
Depois da missão Artemis I, a NASA espera em 2024 levar astronautas para a órbita da Lua, na missão Artemis II, em 2024, e para a sua superfície, na Artemis III, no final de 2025, com a primeira mulher e a primeira pessoa de cor a pisarem o satélite natural da Terra. Depois será a vez da conquista de Marte, que também está nos planos da NASA.
A partida para as futuras missões lunares será feita de uma estação espacial a instalar na órbita da Lua, a Gateway. Com o programa Artemis, a NASA espera “estabelecer missões sustentáveis” na Lua a partir de 2028, prevendo-se o projeto futuro de levar astronautas para Marte.
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