A hipótese do 2021 QM1 atingir a Terra está descartada, pelo menos para 2052, como se chegou a prever nas avaliações iniciais da sua trajetória, mas na lista de possíveis ameaças reunidas pelo Gabinete de Defesa Planetária da ESA continuam a constar perto de 1.400 elementos espaciais “flutuantes” classificados como de risco.
O tamanho importa para essa classificação, mas não só - e pode nem sequer ser o mais importante. Existem outras variáveis que devem ser consideradas quando se avaliam os potenciais danos do impacto de um asteroide.
As características do asteroide, o ângulo da trajetória, a potência das ondas de choque e o terreno de impacto são fatores que determinam o nível dos danos causados pelo embate de tais elementos rochosos com a Terra.
Uma das variáveis a considerar é a quantidade de energia cinética que será transferida para a superfície terrestre. Há uma enorme quantidade de energia libertada na forma de uma onda de choque, com o embate. A potência dessa onda de choque dependerá da massa e velocidade com que o asteroide atinge a Terra, bem como do terreno afetado.
Saiba mais sobre os maiores impactos registados até à data, na galeria de imagens
Importa igualmente o ângulo de entrada: um asteroide pode roçar as camadas mais altas e rarefeitas da atmosfera da Terra sem qualquer risco, mas trajetórias com ângulos mais elevados aumentarão o potencial dano. Ondas de choque, meteoritos, maremotos, explosões e atividade sísmica aumentam dramaticamente com trajetórias mais altas, bem como a visão real do impacto e a criação de uma cratera, explica-se a partir do website oficial do Dia do Asteroide, assinalado esta quinta-feira, dia 30 de junho.
A composição e a densidade de um asteroide são fatores que também devem ser considerados. A grande maioria dos asteroides que atingiram a atmosfera terrestre têm uma composição rochosa, que são tipos mais propensos a quebrar antes de atingir a superfície do Planeta Azul, com os danos a dependerem do tamanho do fragmento. Os metálicos, outro tipo mais raro, porém mais perigoso, têm maior densidade e são mais resistentes à passagem pela atmosfera. Por terem maior probabilidade de atingirem a superfície intactos, poderão resultar em meteoritos maiores e em mais prejuízos.
Por último, interessa o local do impacto. Embora à primeira vista se possa associar aos oceanos menores danos, o embate de um asteroide poderá gerar a formação de ondas gigantes nas proximidades e atingir cidades costeiras. Se o asteroide impactar uma massa terrestre, além da enorme onda de choque, serão libertadas grandes quantidades de partículas na atmosfera, causando sérios danos ambientais à escala global e extinções em massa.
O impacto de grandes asteroides causará consequências devastadoras e é por isso que as agências espaciais mundiais têm programas de identificação de objetos com órbitas próximas da Terra. Além disso, ESA e NASA têm igualmente em curso o projeto DART - em que participa a Universidade de Évora - que prevê o desvio de asteroides perigosos da rota de colisão com a Terra em intervenções controladas, sempre que seja necessário.
A promessa tanto da agência espacial norte-americana, como da agência espacial europeia é a de continuarem a ter “debaixo de olho” possíveis ameaças do género, por mais mínimas que sejam.
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