Maus hábitos de sono estão associados a um aumento da mortalidade e à incidência de muitas doenças crónicas, lê-se num estudo sobre a qualidade do sono que usou os smartwatchs Fitbit para recolha dos dados. O novo estudo foi publicado na revista Nature e corrobora as investigações anteriores, mas vai mais além, já que os autores tiveram acesso a mais dados sobre os padrões de sono e a sua regularidade. “Era inviável obter medições objetivas na população em geral antes da disponibilidade de dispositivos de consumo modernos”, explicam.
A maior quantidade de dados relacionada com a falta de regularidade do sono, está diretamente relacionado com a maior amostra de indivíduos e tempo de dados recolhidos (pessoas-noites), com uma média de quatro anos e meio de dados. A maior amostra possibilitou a identificação de muitas outras associações a problemas de saúde, além dos riscos de mortalidade e doenças crónicas, consistentes com estudos anteriores.
Uma menor quantidade de horas de início de sono “tradicionais”, entre as 20h00 e as 02h00, está associada à hipertensão e a várias perturbações psiquiátricas, revela a análise que também apresenta curiosidades. “Os participantes começam normalmente a dormir por volta das 23h10 e dormem cerca de 6,7 horas durante o principal período de sono do dia. Há ainda alguns indivíduos que tendem a dormir uma sesta à tarde, por volta das 14h30”.
Veja na galeria imagens de vários modelos Fitbit:
“Houve mais associações para a irregularidade do sono do que para qualquer outro padrão de sono incluído no nosso estudo. Uma explicação possível poderá ser o facto de a irregularidade do sono poder contribuir para a dessincronização dos ciclos sono-vigília e dos ritmos circadianos”, lê-se no documento.
Os investigadores recordam que as perturbações do ritmo circadiano estão associadas a uma série de resultados adversos para a saúde, como a redução da sensibilidade à insulina, o aumento da inflamação e a desregulação dos recetores de serotonina. Na prática: quanto maior a irregularidade do sono maior a probabilidade de ocorrência de obesidade, hiperlipidemia, hipertensão, perturbação depressiva major e perturbação de ansiedade generalizada.
Mesmo após o ajuste da duração média do sono, a maioria das associações relacionadas com a irregularidade do sono continuava a ser significativa, “sugerindo que a irregularidade do sono é um fator de risco independente e salientando a importância da monitorização longitudinal do sono para padrões de sono saudáveis”.
Suportados por outras investigações, os investigadores apoiam a noção de que sete horas de sono medido objetivamente pode ser o intervalo saudável para adultos e não o limite mínimo.
O estudo intitulado “Padrões de sono e risco de doenças crónicas medidos através da monitorização a longo prazo com dispositivos portáteis comerciais no âmbito do programa de investigação All of Us” teve por base dados recolhidos pelos smartwatchs Fitbit de 6.785 utilizadores. 71% eram mulheres, 84% auto identificados como brancos, e 71% com formação superior. A idade média dos utilizadores é de 50,2 anos e em média monitorizavam o sono há 4,5 anos.
A Fitbit, uma empresa da Google, diz que “embora este estudo não pretenda sugerir que os dados do sono do Fitbit sejam uma ferramenta clínica, pensamos que algumas destas ideias mostrarão aos investigadores os benefícios da utilização de monitores do sono e de dispositivos portáteis com uma boa relação custo-eficácia para estudar o modo como as alterações nos padrões de sono ao longo do tempo podem afetar a saúde das populações à escala”.
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