As quebras de vendas no mercado de smartphones já foram identificadas por outras analistas, como a IDC e a Counterpoint, uma tendência que também a GfK confirma, indicando que em 2022 a procura diminuiu globalmente 9,1%, e que as vendas de 908 milhões de unidades representaram menos 10,2% de receita para este segmento. Mas em Portugal os dados revelam que há um crescimento do valor de venda, em 3,5%, apesar da consultora apontar uma quebra de 12,5% em unidades.

Segundo a informação partilhada, os segmentos premium foram os que revelaram um maior crescimento em 2022. A GfK Portugal indica que os modelos 5G  cresceram 34% em valor e já representam 67% da receita dos smartphones.

As opções mostram também que os utilizadores estão à procura de modelos mais optimizados. Os equipamentos com mais de 256GB de armazenamento cresceram 30%, e representam um quarto da receita dos smartphones, enquanto os telemóveis com preço igual ou superior a 600 euros cresceram 14% e valem metade da receita das vendas destes dispositivos.

"As quebras verificadas no mercado global podem ser justificadas pelos orçamentos mais comedidos, fruto da inflação que se faz sentir um pouco por toda a Europa. No entanto, os únicos impulsionadores do mercado foram os consumidores com rendimentos médios e altos", refere a GfK Portugal, em comunicado.

Ainda assim os dados do relatório mostram que os utilizadores mantêm o mesmo smartphone durante mais tempo. Enquanto em 2018 os dados do gfknewron Consumer indicavam que apenas 48% usavam os seus smartphones durante dois ou mais anos, esta percentagem subiu para 57% em 2022. "Este aumento verificou-se principalmente na Geração Z (dos 15 aos 25 anos), justificado pela crescente preocupação com a sustentabilidade levando a estender conscientemente o ciclo de vida dos dispositivos", sublinha a consultora.

Vendas de smartwatches crescem 29% em 2022

A GfK Portugal lembra que, apesar de alguns dos segmentos mais conhecidos terem perdido espaço, este foi compensado pelo crescimento de outras linhas de produtos. "O mercado dos wearables foi um dos poucos que sobreviveu a 2022, com uma receita de 13,9 mil milhões de dólares", refere a empresa, adiantando que esta alteração no comportamento do consumidor é justificada por uma maior procura de modelos de controlo mais detalhado da saúde, através de recursos inteligentes.

Em Portugal o crescimento foi de 4% em valor, alavancada pelo crescimento de 29% em smartwatches, enquanto os Health and Fitness Trackers e Wrist Sport Computers apresentaram uma quebra de quase 30%.

As previsões dos especialistas da GfK para 2023 são positivas, apontando para um ano mais forte para o mercado global das telecomunicações. A China deverá apresentar uma retoma de crescimento e impulsionar de forma significativa os números globais.

A inovação e desenvolvimento de equipamentos mais rápidos e poderosos pelos fabricantes, que permitem a diferenciação da concorrência, é apontada como relevante para manter o mercado competitivo e impulsionar a procura do consumidor.