Um estudo recente do Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas indica que 67% das crianças com menos de três anos usam tecnologias. Foi no âmbito desta realidade que o Hospital CUF Descobertas recebeu esta terça-feira uma conferência que se propôs a analisar a questão “Internet a mais, convívio a menos?”.
No início da conferência, a coordenadora do Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas mostrou-se preocupada com esta "invasão" da Internet no dia-a-dia das famílias portuguesas. A também médica pediatra Ana Serrão Neto sublinhou o papel dos médicos nesta tarefa de diminuir o impacto das tecnologias nos jovens, que acabam por não estimular de forma tão recorrente a criatividade, e da azáfama dos pais que muitas vezes não conseguem acompanhar esta realidade e encontrar soluções.
Quando questionados sobre se efetivamente Internet a mais significa convívio a menos, os jovens que participaram na conferência apresentaram a mesma opinião. Os três adolescentes consideram que tudo se baseia num equilíbrio e do tipo de utilização da Internet, mas não deixam de alertar que o uso das novas tecnologias também afetam os adultos e os mais velhos.
Seguindo para o painel dos "crescidos", a resposta à pergunta não é consensual. A professora de Filosofia Paula Gabellieri considera que a Internet facilita o convívio, enquanto Cristina Carranca, que participou enquanto mãe na conferência, afirma que se trata de "uma ferramenta fantástica" mas tem de saber ser utilizada, não só pelos jovens mas por toda a população, independentemente da idade.
Já o médico pediatra Hugo Faria relata esta questão como um "motivo de conflito frequente entre pais e filhos". Na opinião do especialista é importante estabelecerem-se limites e um equilíbrio, numa altura em que ainda existem poucos estudos nesta área. Ainda assim, o também autor da investigação do Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas fez referência às notificações constantes, um "foco de distração permanente" que vai significar menos momentos de introspeção e relaxamento.
Não há uma estratégia "milagrosa" mas importa definir regras
Apostar em regras e dar os exemplos dos próprios pais que também utilizam a Internet são algumas das medidas apontadas pelos professores e pais. Nas salas de aulas a professora Paula Gabellieri explica que muitas vezes é preciso que as crianças estejam ligadas à Internet, nomeadamente em relação à realização de exercícios, mas em certos casos específicos como a leitura a docente não permite a utilização da Internet. Em casa, uma das estratégias passa por um "detox" dos smartphones e computadores.
Assumindo-se também muito a favor de regras, o pediatra Hugo Faria destacou a garantia de momentos de convívio em família, refletindo se a utilização excessiva da Internet e se as notificações constantes não prejudicam a atenção dos jovens. O especialista destaca ainda o impacto das novas tecnologias no sono, afetado a nível da duração e da qualidade e no sedentarismo. É por isso importante apostar na atividade física, mas Hugo Faria garante que não "há tempos mágicos" definidos e mostra-se preocupado com o facto de os pais quererem "vasculhar" os dispositivos seja muitas vezes causa de conflito entre pais e filhos.
Na conferência o bullying foi outro tema abordado, com a referência de grupos de WhatsApp criados especificamente para criticar certos pessoas, como também a publicação de fotografias menos próprias nas redes sociais.
O estudo de caracterização dos hábitos de utilização das novas tecnologias entre crianças e jovens dos 0 aos 18 anos de idade revelou ainda que 90% das crianças e adolescentes acedem às novas tecnologias e que 69% utiliza as novas tecnologias por mais de uma hora e meia por dia. A investigação contou com respostas de 412 cuidadores.
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