Por Nuno Ferro (*)

Com mais de 3 mil milhões de gamers em todo o mundo, a indústria de gaming tem sido um motor de inovação tecnológica, com impacto em várias indústrias, criando novas tendências no mundo do trabalho. Uma destas tendências é aquilo a que chamamos de gamificação, isto é, a utilização de mecânicas de jogo e design de experiências para envolver e motivar digitalmente as pessoas a alcançar os seus objetivos.

A incorporação de elementos característicos dos jogos no mundo do trabalho é uma estratégia que tem vindo a demonstrar ter um forte impacto na satisfação e produtividade dos trabalhadores. De acordo com o mais recente estudo da Experis, “O impacto da IA no Mundo do Trabalho”, 89% dos trabalhadores afirmam que a gamificação os faz sentir mais produtivos, e 88% afirmam sentir-se mais felizes no trabalho quando estas técnicas são aplicadas. Num momento em que 50% dos profissionais da Geração Z e Millennials não se sentem reconhecidos pelo bom desempenho laboral, e que 79% afirmam que um aumento no reconhecimento ou atribuição de prémios os tornaria mais leais ao seu empregador atual, a gamificação tem-se revelado uma excelente estratégia para motivar os profissionais. De facto, esta tendência pode (e deve) traduzir-se em sistemas de recompensa, feedback imediato ou até mesmo desafios e competições que tornem as tarefas diárias mais dinâmicas, apelativas e gratificantes, ao mesmo tempo que promovem o entusiasmo, compromisso e satisfação dos colaboradores.

Além de ser uma mais-valia para as equipas, a gamificação pode também beneficiar as empresas e revolucionar os seus processos de atração e desenvolvimento do talento. No que respeita ao recrutamento, enquanto, em média, uma entrevista tradicional oferece à organização 50% de probabilidades de encontrar o candidato certo, com a integração de assessments gamificados essa taxa pode aumentar para 80%, porque os candidatos mantêm-se mais envolvidos e motivados, permitindo uma avaliação mais precisa das suas capacidades. Quanto ao desenvolvimento de competências, 83% dos profissionais revelam sentir-se mais motivados e produtivos quando recebem formação gamificada, em comparação com os processos de formação tradicionais. Além do aumento da satisfação dos colaboradores, esta prática constitui, ainda, uma oportunidade para aumentar os níveis de
conclusão da formação e retenção de conhecimentos, aspeto bastante positivo tanto para as equipas como para a organização.

Quando aplicada de forma estratégica, a gamificação pode transformar a maneira como trabalhamos e contribuir para um ambiente de trabalho mais motivador, produtivo e satisfatório, ajudando a reduzir o alto custo de rotatividade de profissionais, que a Gartner identifica já em mais de 18 mil dólares por colaborador, a nível global.

À medida que as tecnologias de gaming continuam a evoluir, e com os trabalhadores a esperar uma maior customização em todos os aspetos do seu percurso e integração profissional, é provável que a adoção de técnicas de gamificação seja cada vez mais recorrente, criando novas oportunidades para empresas e trabalhadores. A chave para o sucesso estará, por isso, na capacidade das organizações integrarem estas práticas de forma inclusiva e eficaz, fomentando ambientes de trabalho que recompensem e motivem o seu capital humano.

(*) Brand Leader da Experis