Por Miguel Salgueiro (*)
Ao longo dos últimos anos, a economia tem vindo a apresentar um crescimento exponencial, assumindo-se como protagonista em todos os setores da sociedade. Nos últimos dois anos, mais especificamente, e muito devido à pandemia da Covid-19, a economia circular acompanhou esta tendência de crescimento nas mais diversas localizações de todo o mundo.
Como tivemos a oportunidade de observar, com as políticas de confinamento implementadas pelos governos, registou-se uma redução da mobilidade das pessoas, diminuindo em grande escala as viagens de avião e de carro. Desde 1940 que o planeta não registava uma queda tão significativa nas emissões de CO2 para atmosfera - aproximadamente 7%. Por outro lado, a diminuição das viagens provocou também uma queda na procura e no preço no petróleo (algo que hoje até já esquecemos).
Podemos então afirmar que a pandemia foi uma aliada para a consciencialização e a expansão da economia circular.
Mas então o que é a economia circular e qual a sua importância para os negócios?
A economia circular não é mais do que um conceito estratégico de produção e consumo que assegura um crescimento sustentável ao longo dos anos. Com recursos cada vez mais escassos e uma necessidade ambiental de promover um melhor aproveitamento dos mesmos, a economia circular é essencial, tanto para a manutenção de níveis de crescimento económico, como para a preservação ambiental e de conservação de recursos.
O objetivo da economia circular tem como premissa um maior aproveitamento dos recursos materiais à nossa disposição, aplicando três princípios básicos: reduzir, reutilizar e reciclar. Desta forma, o ciclo de vida dos produtos é prolongado, os resíduos são utilizados e um modelo de produção mais eficiente e sustentável é estabelecido ao longo do tempo.
Até agora temos vivido em modelos de produção linear, isto é, extraímos, produzimos, consumimos e descartamos. A sociedade em que vivemos neste tipo de modelo revela-se insustentável para as pessoas e para as organizações. A economia circular, por sua vez, estabelece um modelo de produção e consumo mais sustentável, no qual as matérias-primas são mantidas durante mais tempo nos ciclos de produção e podem ser utilizadas repetidamente, gerando assim menos desperdício.
A verdade é que, nos dias de hoje, já são muitas as organizações que começam a ter a noção clara de que a sustentabilidade tem uma grande influência nas suas operações, nomeadamente na redução dos índices carbónicos que cada uma produz na sua atividade.
A sustentabilidade e a responsabilidade das empresas não podem voltar a ser ignoradas e, por isso mesmo, identificamos 2 razões pelas quais a economia circular é fundamental para os negócios:
Proteção da marca
Ao longo dos últimos anos, o ecossistema organizacional tem-se vindo a tornar cada vez mais digital, imediato, mas, essencialmente, global. Esta ideia de “aldeia global” faz com que as empresas que não adiram às atuais normas de sustentabilidade sejam criticadas pelo público. À medida que as novas gerações “pressionam” as gerações mais velhas para a mudança, as organizações sentem-se obrigadas a incluir a economia circular e políticas sustentáveis nos seus negócios.
Consumidor cada vez mais disposto a pagar por soluções sustentáveis
Um dos vários argumentos utilizados por parte das organizações contra a utilização de soluções verdes é o elevado preço das mesmas. No entanto, os consumidores de hoje querem apoiar empresas cujas filosofias se alinham com os seus ideais, e as iniciativas verdes estão na linha da frente. Ao adotar um modelo empresarial mais ambiental, poderá alargar a sua base de consumidores e criar maior fidelidade com os clientes. Vários têm sido os estudos realizados que mostram que os consumidores optam, cada vez mais, por comprar produtos recicláveis e sustentáveis mais caros do que produtos com elevados níveis carbónicos de produção.
Em suma, percebemos que existe uma grande urgência no ecossistema empresarial para que as organizações se tornem mais “verdes” e sustentáveis, reduzindo os seus elevados níveis carbónicos. O primeiro passo para atingir esse objetivo passa pela implementação de tecnologias de gestão de ativos físicos capazes de congregar módulos de Sistema de Gestão Ambiental e de Sistema de Gestão Energética, o que simplifica o cumprimento da conformidade ambiental e dos relatórios de sustentabilidade. Este tipo de tecnologia garante a gestão do cálculo da pegada carbónica, com base em toda a informação de gestão de ativos físicos: métricas de qualidade de energia, água, gás, combustíveis fosseis e rastreio de resíduos perigosos produzidos. Para além disso, permite também, às organizações, ver em tempo real consumos, de forma simples e a baixo custo.
Acreditamos que as pessoas e as organizações estão hoje conscientes da necessidade de interiorizar processos de economia circular, mas ainda há muito caminho para percorrer na definição e implementação de modelos de produção que produzam eficácia.
(*) Founder & Partner da NextBITT
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