Por Pedro Vale (*)

A maioria das pessoas tem aversão à mudança, receio de sair da sua zona de conforto e desconfiança face ao desconhecido.

Não surpreende por isso que, no relatório “Avaliação do Potencial Económico da Transição Digital em Portugal”, desenvolvido pela Deloitte Business Consulting S.A., em colaboração com a Universidade de Coimbra, para a Estrutura de Missão Portugal Digital, se refira que a IA seja utilizada apenas por 17,3% das empresas.

Esta reduzida adesão, que é essencial ver crescer, nasce de um erro estratégico: o receio de investir tempo a experimentar, a aprender como tirar o melhor partido, a maximizar as capacidades da Inteligência Artificial Generativa (GenAI), que se adaptam às necessidades e padrões de consulta de informação dos utilizadores e organizações.

Os resultados, esses, estão à vista. Um estudo recente da consultora Upwork menciona que 96% dos executivos está otimista sobre a utilização de ferramentas de IA para aumentar a produtividade das suas empresas. E 77% dos colaboradores refere que a sua carga de trabalho aumentou, investindo tempo a rever ou a moderar conteúdo gerado por IA (39%), a aprender como usar as ferramentas de IA (23%) ou a realizar trabalho adicional como resultado da existência da IA (21%). São estes números preocupantes? Sim, muito. E não, de todo.

Sim, porque a IA deve ser utilizada para trabalhar para as pessoas e não o contrário. Porque as soluções dotadas de mecanismos de IA podem e devem ser aplicadas naquelas tarefas repetitivas que absorvem 60 a 70% do tempo dos colaboradores. Porque servem para aumentar o potencial das empresas, agilizar as operações e melhorar a experiência dos clientes. E isso só é possível se os utilizadores aprenderem a tirar o melhor partido destas ferramentas, se a utilização das mesmas substituir as tarefas rotineiras, de forma efetiva, e estas deixarem de ser desempenhadas pelas pessoas, permitindo-lhes dedicar tempo a outras tarefas de maior valor estratégico.

Não, porque a tomada de consciência de que as ferramentas de IA necessitam de ser encaradas como verdadeiros agentes digitais, auxiliares dos gestores, que tal como um novo colega de trabalho superprodutivo necessitam primeiro de conhecer o ecossistema organizacional em que se encontram e os dados que o compõem. Este é o primeiro passo para começarmos realmente a utilizar a IA Generativa.

Assim, é fundamental tornar prioritária a aposta nas soluções mais seguras, éticas, focadas em apoiar os profissionais, retirando-lhes carga de trabalho. E é fundamental estabelecer regras claras e objetivas para o uso responsável da IA e promover a confiança nos resultados da sua utilização.

A solução não é, claramente, evitar a IA, mas sim dedicar-lhe tempo para que ela possa elevar ao máximo o potencial de cada profissional, no desempenho das usas funções, e por inerência, elevar o potencial de cada negócio, ajudando a aproveitar todas as oportunidades

Na Cegid estamos a explorar ao máximo tudo o que de bom a IA tem para oferecer, assegurando o desenvolvimento ético e responsável desta tecnologia, para que todos os nossos clientes e parceiros possam beneficiar das grandes evoluções tecnológicas que se avizinham com confiança.

(*) vice-presidente de Engenharia para a área de IA e Data na Cegid