Por José Guimarães (*)

No desenvolvimento de software, houve muitas modas passageiras, como a Adobe Flash ou a aplicação de Java Applets, mas também verdadeiras revoluções.  A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) na criação de aplicações é inegavelmente uma revolução. E uma que está a acontecer agora, mesmo debaixo dos nossos narizes.

Para quem não está imerso no universo da programação, pode parecer um assunto para ’geeks’, mas a verdade é que a GenAI já está a mudar a forma como construímos as ferramentas digitais que usamos todos os dias. E o mais fascinante é que ela não é um bicho de sete cabeças; é uma parceira, uma aliada poderosa que, se bem utilizada, pode levar-nos a um novo patamar de eficiência e criatividade.

Imaginem ter um assistente que não só entende o que querem construir, mas que também pode começar a montar as peças por vocês. É exatamente isso que a GenAI faz. Ela é capaz de escrever códigos, criar documentação, sugerir arquiteturas, automatizar tarefas aborrecidas e ajudar a corrigir/melhorar o código.

A chave aqui é entender que a GenAI não veio para substituir o programador, mas para ser um parceiro de desenvolvimento. Ela é uma ferramenta que amplifica as nossas capacidades, permitindo que nos concentremos nos desafios mais complexos e criativos, em vez de nos perdermos em tarefas repetitivas. É muito tentador chegar a um Google Gemini ou Chat GPT e dizer “Assistente, faz código para isto!”. A IA sabe fazer código, mas não consegue interpretar os resultados de uma forma que só um humano consegue.

Não precisamos de ser cientistas de computação para entender o conceito. Pensem num chef de cozinha que tem um assistente superinteligente. O chef diz: "Preciso de um molho bechamel para 10 pessoas, com um toque de noz-moscada, e que esteja pronto em 15 minutos." O assistente, com base em milhões de receitas e técnicas que ele "aprendeu", começa a preparar. O chef supervisiona, ajusta, prova e finaliza.

No desenvolvimento de software, é parecido. Nós, os arquitetos e programadores, damos as "receitas" – os prompts, como chamamos. Estes são comandos claros e específicos que dizem à GenAI o que queremos. Por exemplo: "Crie um endpoint REST em Node.js para registar utilizadores com validação de e-mail." Quanto mais claro e contextualizado for o nosso pedido, melhor será o resultado.

Hoje, já temos ferramentas poderosas à disposição. Soluções como o Gen AI Inetum, Copilot e GitHub Copilot são exemplos de como a GenAI está a ser integrada no nosso quotidiano. Elas funcionam como copilotos, sugerindo código em tempo real ou gerando explicações complexas.

Mas, como em qualquer ferramenta poderosa, é preciso usá-la com sabedoria. Temos de ser claros e específicos (A GenAI não lê mentes... ainda!), dar contexto, pedir explicações, testar e testar mais um pouco, aprender e refinar.

Para nós, profissionais da área, ela representa uma oportunidade sem precedentes de acelerar a criação de aplicações, entregar mais valor, com mais qualidade e em menos tempo.

Para os utilizadores, isso significa que as inovações digitais podem chegar mais rápido e com mais eficiência. Aplicações mais intuitivas, sistemas mais capazes e soluções mais inteligentes para os desafios do dia a dia.

Em resumo, a Inteligência Artificial Generativa é mais do que uma ferramenta; é uma mudança de paradigma. E como um arquiteto de software que já viu muitas ondas tecnológicas, posso afirmar: esta é uma onda que vale a pena surfar. É a oportunidade de construirmos um futuro digital mais inteligente, juntos.

(*) Architect of Application Projects na Inetum Portugal