A Altice Portugal e a NOS já tinham reagido renovando as críticas à Anacom, e agora a Vodafone Portugal segue a mesma linha, como aliás já tinha feito anteriormente, voltando a apontar erros, "amadorismo" e "ligeireza" ao regulador. Contactada pelo SAPO TEK, a operadora diz que "um leilão desta importância para as empresas que nele participam, e que suportam uma tecnologia crítica para o País, não pode ser vista como uma novela onde, de quando em quando, o realizador decide mudar o guião original por não lhe agradar o desenrolar da história", que é o que defende que a Anacom está a fazer.

Recorde-se que a Anacom já aumentou o número de rondas diárias de 6 para 7, desde 10 de maio, e agora promete duplicar o número, para 12. "Passados quase 100 dias úteis desde o arranque do leilão, uma equipa de pessoas muito dedicadas e especialistas, que está em permanência neste processo e sujeita a regras muito apertadas de proteção da sua saúde por via da pandemia, vê-se agora confrontada com a tomada de decisões com um tempo reduzido para reflexão (numa fase em que os montantes em jogo são já muito expressivos) e com a extensão de mais 1h de trabalho. Ou seja, o regulador vem impor, 100 dias depois do arranque desta fase do leilão, que as equipas trabalhem de forma ininterrupta 10h diárias".

Esta tinha sido uma crítica também expressa pela Altice Portugal, que sublinhava o peso adicional imposto às estruturas internas.

A Vodafone Portugal diz agora que vai comentar esta decisão da Anacom em sede própria e recorrer legalmente das mesmas caso venham a concretizar-se. Para já depois da aprovação das alterações ao regulamento a Anacom abriu uma consulta pública que vai decorrer durante 5 dias depois da publicação em Diário da República.

Um leilão recorde que é consequência da forma como foi desenhado

Questionada pelo SAPO TEK sobre a duração do leilão, que chega esta semana aos 100 dias (úteis) de licitações na fase principal, a Vodafone diz que "o infeliz recorde europeu daí resultante, mais não é do que a consequência da forma como o mesmo foi desenhado".

"Uma escassez artificial de espectro até 2025 associada a (1) um conjunto de regras mal definidas sobre os mecanismos do leilão resultantes da ausência de um estudo aprofundado sobre práticas adotadas por outros reguladores europeus em anteriores leilões; (2) a uma ausência de obrigações de investimento em cobertura do país para novos entrantes com pouco espetro; e (3) a condições, a nosso ver ilegais, de favorecimento injustificado para a entrada de novos players, resultaram nesta maratona que nos deixa na cauda da Europa em termos de lançamento de uma tecnologia crítica para o futuro do nosso País: o 5G", afirma a empresa em resposta ao SAPO TEK.

E a Vodafone Portugal não consegue ver a luz ao fim do túnel. "Quanto a uma previsão para o lançamento do 5G em Portugal não conseguimos antecipar, por ser impossível determinar a data em que o leilão vai terminar e não haver previsibilidade sobre procedimentos supervenientes".

A operadora garante porém que "estamos prontos para a quinta geração móvel e começaremos a disponibilizar o serviço quando tivermos os Direitos de Utilização das Frequências (DUF)". Só nessa altura serão anunciados os tarifários a aplicar.