Os efeitos da pandemia ainda se refletem no mercado de computadores, que continua a crescer não só ao nível global, registando números históricos, mas também no mercado português em que a procura continua elevada, segundo números partilhados pela IDC. O mercado nacional de computadores cresceu 43,7% no quarto trimestre de 2021, face ao mesmo período homólogo do ano passado. Ainda assim, o crescimento está longe dos valores registados do quarto trimestre de 2020 (100,4%) e do primeiro trimestre de 2021 (292,7%).

O mercado continua a ser liderado pela HP, que vendeu 169.853 unidades no quarto trimestre, registando um aumento de 136,8% face ao ano anterior. A sua quota de mercado é de 39,8% no período. Segue-se a Lenovo, que também cresceu três dígitos para 173,9%, a que aumentou mais, tendo vendido 105.960 unidades. A sua fatia atual do mercado é de 24,8%. A fechar o pódio no mercado nacional está a Asus, que vendeu 26.123 unidades, num crescimento de 71,9%, com uma quota atual de 6,1%.

Mercado de computadores cresceu 14,8% em 2021. É o maior registo desde 2012
Mercado de computadores cresceu 14,8% em 2021. É o maior registo desde 2012
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Na lista consta ainda a Inforlândia, que registou um declínio de 44,9% (25.221 unidades vendidas), justificado pela entrega dos computadores ao Governo para a Educação, mas que viu a Lenovo e a HP a responderem de forma “agressiva” ao segmento, justificou Francisco Jerónimo, vice-presidente associado para equipados da IDC EMEA, em entrevista ao SAPO TEK. Disse ainda que o segmento da Educação desacelerou, tendo registado apenas 55% de crescimento face a outras áreas.

Por outro lado, um segmento que tem vindo a crescer e a acelerar é o sector público. A Administração Pública está a apostar na renovação de notebooks. “Está a haver uma transição dos desktops para os notebooks, porque os funcionários do Estado também estão a trabalhar em casa ou em formato híbrido”, explica Francisco Jerónimo.

Mas o crescimento exponencial da HP e Lenovo, acima dos 3 dígitos no quarto trimestre do ano é justificado sobretudo pela grande procura empresarial, que cresceu muito neste período. Seja pelo trabalho híbrido ou mesmo teletrabalho, as empresas tiveram de fazer a transição e dar resposta com upgrades nas máquinas dos seus trabalhadores. “As empresas tendem a fazer uma atualização em escala, por ciclos, e não compras de mês a mês e estamos a entrar nessa fase”.

A Dell aparece no quinto lugar da lista, com um crescimento de 67,2%, com 24,940 unidades vendidas, tendo uma quota de mercado de 5,8%.

Na explicação do contínuo crescimento do mercado nacional, Francisco Jerónimo disse que, apesar de no ano passado ter sido maior, a procura manteve-se muito alta, mas por razões diferentes. “Não houve a urgência de adquirir equipamentos, mas houve a preocupação de trabalhar em casa e as empresas tiveram de renovar as máquinas por uma questão de segurança, para fazer o upgrade para o Windows 11. No entanto, também houve um grande background de encomendas que foram sendo entregues”. Explica ainda que neste período as encomendas do Governo foram materializadas, o que antes ainda não tinha acontecido. “Olhando para os últimos 10 anos houve uma grande procura que ainda se mantém” e como as encomendas não foram ainda satisfeitas, prevê-se uma procura elevada para os próximos meses.

Venda de tablets cai a pique devido à entrega de computadores

A contrastar com a subida da venda dos computadores em Portugal, o mercado dos tablets deu um “trambolhão” de 13,1%. Praticamente todas as empresas do Top 5 registaram quebras acentuadas, exceto a Lenovo e a Microsoft. A Lenovo vendeu mais 40,6% (25.757) colocando-se no segundo lugar com 24,1% da quota. A empresa foi a única a registar um ano de grande crescimento, salientando-se o primeiro trimestre de 2021 onde cresceu 498,6%. Os dois trimestres seguintes foram acima dos 3 dígitos, mas desacelerou no último trimestre de 2021, ainda assim com nota positiva.

A Samsung continua a liderar, mas é o terceiro trimestre consecutivo a perder vendas. Registou uma quebra de 19,4% face ao período homólogo anterior, ainda assim vendendo quase o dobro da Lenovo, ou seja, 42.312 unidades, mantendo uma quota de 39,6%. A Apple surge em terceiro lugar, vendendo 11.609 unidades, registando um declínio de 11,3% e uma fatia atual do mercado de 10,9%.

A TCL é a quarta fabricante que mais tablets vendeu em Portugal, com 9.103 unidades, representando também uma quebra de 53,4% face ao período anterior. Por fim, a Microsoft viu um crescimento de 36,7%, com a venda de 5.999 unidades, assumindo 5,6% da quota.

Francisco Jerónimo explica que no ano passado, pela incapacidade das empresas e pessoas comprarem computadores, pela falta de stock, os tablets (com capacidade de teclado) foram as principais alternativas. “Mas à medida que o fornecimento de PCs foram feitos, o interesse nos tablets caiu bastante. Mesmo para os filhos e escola, os tablets eram interessantes, mas deixaram de ser necessários”. Os computadores foram entregues, levando as empresas a deixarem de procurar pelos tablets.

Questionado sobre o impacto da crise dos chips e outros componentes para os computadores, Francisco Jerónimo diz que as fabricantes estão a recuperar e que a situação atual é bem melhor do que no ano passado. No entanto, diz que vai continuar a gerar problemas de stock durante este ano. E por isso, a procura que continua alta, vai gerar mais backlogs. O analista diz que a crise dos componentes tem vindo a ser agravada pela partilha dos mesmos em diferentes sectores, sejam computadores, smartphones, wearables, automóveis, etc.

Mesmo a nível empresarial, toda a inteligência artificial, machine learning, cloud e outras tecnologias requerem servidores e capacidade de computação, como consequência, requer mais máquinas e chipsets. “Não é só os computadores para os utilizadores, mas também todo o backend que tem vindo a sofrer com a falta de componentes”.

No futuro destaca as iniciativas da Europa para dar um “boost” à produção dos semicondutores, “mas isso não acontece de um dia para o outro”. E afirma que existe a necessidade de se refletir se a procura vai continuar a se manter durante os próximos anos. “Se não, estamos a falar de investimentos nos milhares de milhões de dólares que depois têm que ser direcionados para fabricar outra coisa qualquer”, conclui Francisco Jerónimo.

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