A pandemia levou consumidores e empresas a transformarem os seus hábitos, mas Portugal ainda está longe de ser considerado um “Digital Leader”. Mais especificamente, está no nível dois de quatro no que diz respeito à maturidade digital.

Assim avaliam Boston Consulting Group (BCG), Google e Nova SBE no estudo “O Caminho para um Portugal Biónico: A maturidade digital do tecido empresarial em Portugal”, onde classificam o país como “Digital Literate”, com um total de 31 pontos em 100 possíveis, 21 pontos abaixo da média europeia, que está no patamar dos “Digital Performers”.

O relatório mostra que a digitalização está diretamente relacionada com os níveis de produtividade e os salários médios das organizações. Neste último caso, os dados indicam que uma transição completa no estágio de maturidade está, estatisticamente, associada a um aumento de 37% do salário médio. Esta relação pode explicar-se pela aposta feita pelas empresas em capital humano mais qualificado, que lhes permita implementar com maior sucesso a transformação tecnológica, referem os promotores do estudo.

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As conclusões indicam igualmente que, embora seja intenção das empresas utilizarem o digital como motor das suas estratégias, ainda existe alguma inércia na sua aplicação em algumas áreas relevantes, nomeadamente em funções de suporte, operações, oferta ao cliente e de abordagem a novos mercados.

Deixa também visível que a adoção do digital não é semelhante em todas as organizações, salientando-se uma correlação direta entre o tamanho das empresas e a sua maturidade digital, assim como o setor em que atuam.

As empresas de média dimensão lideram esta transformação (45 pontos), sugerindo que a sua dimensão lhes confere mais dinamismo e agilidade que aquele existente nas grandes empresas. No entanto, as médias e grandes empresas estão, significativamente, mais avançadas do que as pequenas (25 pontos).

Por setores, são as médias e grandes empresas de Telecomunicações, Media e IT/Tecnologia que lideram em maturidade digital, em contraciclo com as Indústrias pesadas, no fim da tabela.

O estudo também encontra correlação entre o aumento do investimento na digitalização e os ganhos de maturidade digita, indicando que 65% das grandes empresas investem mais de 0,5% das suas receitas no digital e aquelas que aplicam mais de 2% têm, em média, mais 14 pontos de maturidade que as que investem abaixo desse valor.

Outra das principais conclusões é que apesar da existência de medidas de apoio, mais de metade das 1.047 empresas analisadas no estudo não conhece qualquer programa de financiamento ao Digital – sendo esta uma realidade transversal a todos os segmentos empresariais.

Desconhecimento pode condicionar futuro

Nas médias e grandes empresas portuguesas apontam-se lacunas digitais estruturais: Indústria 4.0, Metodologias Agile e Personalização, e o Marketing Digital e Governance de dados são as dimensões mais distanciadas da referência europeia.

É também assinalada a falta de literacia digital em algumas componentes da maturidade, nomeadamente, uma em cada cinco grandes empresas desconhecer a sua realidade face à tecnologia IoT e 40% revelam desconhecer como o digital pode ser aplicado às suas operações de serviço.

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As empresas de grande dimensão mencionam também uma maior dificuldade em oferecer condições suficientes para contratar os recursos humanos certos para o digital, apesar de serem quem mais lança iniciativas de capacitação de equipas para esta vertente (70% afirmam tê-lo feito).

Nas médias empresas, a dificuldade a superar é a definição e priorização dos projetos certos para consolidar competências e motivar as pessoas para o digital e, nas pequenas empresas, o problema está na dificuldade em encontrar o pessoal e gestores de equipas com as competências necessárias, sendo que 30% das PMEs afirmam ter lançado iniciativas de capacitação dos colaboradores para o Digital.

Por último, o estudo aponta diferenças de ambição de desenvolvimento digital notórias entre os diferentes setores económicos, com as Médias e Grandes empresas dos setores de Instituições Financeiras, Transportes e Logística e Hotelaria e Turismo a mostrarem ambições de subirem dois níveis de maturidade.

Em contraciclo, estão as indústrias Metalúrgica e Automóvel, que parecem estar conformadas com a posição que assumem na escala e o seu foco concentra-se nas dimensões que impactam a experiência do cliente.

Entre as Pequenas empresas, as relacionadas com Educação são as mais ambiciosas, em oposição às de Saúde e Retalho, sendo que nestes o foco de melhoria está na digitalização da cadeia logística e no melhor e maior aproveitamento dos dados.

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