No rescaldo da polémica em torno das mensagens do Twitter de Elon Musk, algumas de foro especulativo, que fizeram o valor das ações da Tesla oscilar, como foi o caso da saída da empresa da bolsa e as intenções de privatizar a fabricante, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) obrigou à sua saída do cargo de presidente do conselho de administração e uma multa de 20 milhões de dólares. O magnata não terá respeitado as ordens da Comissão de não publicar mensagens sobre as suas empresas sem supervisão (um dos castigos aplicados), sendo levado ao tribunal federal de Manhattan.

Elon Musk saiu do tribunal com um “sorriso” com a decisão do juiz ter ordenado a ambas as partes que se entendessem fora dos tribunais. “Respirem fundo, vistam as calças da sensatez e resolvam o problema”, terá dito a juíza Alison Nathan, citada pela Reuters.

A nova mensagem que terá levado novamente Elon Musk a tribunal referiu-se à fabricação de 500.000 automóveis em 2019, corrigindo-se depois para clarificar que o número era apenas de expetativa, mas esperando pelo menos distribuir 400.000 veículos. Essa clarificação não terá caído bem junto da SEC, acusando-o de ter publicado informações irrealistas e sem verificação dos seus advogados.

Por outro lado, Elon Musk defendeu-se, referindo que lhe cabe a ele decidir se as suas mensagens necessitam ser pré-aprovadas e que a mensagem em concreto era imaterial para os acionistas. Em declarações à Reuters, o magnata refere que “tem muito respeito pela juíza Natham e estou satisfeito pela sua decisão de hoje. A mensagem em questão era verdadeira, imaterial para os acionistas, e de forma alguma violou o meu acordo prévio”.

A juíza deu a ambos os lados do conflito duas semanas para chegarem a acordo. Caso não se entendam, então dará a sua decisão final. É ainda referido que caso Elon Musk seja condenado, poderá ser obrigado, por exemplo, a partilhar relatórios sobre como os advogados da Tesla supervisionam as suas mensagens no Twitter. A SEC, por outro lado, estuda a hipótese de aplicar multas mais pesadas.

De salientar ainda que a Tesla falhou as estimativas de vendas do primeiro trimestre do ano, admitindo um impacto negativo nos lucros. Os analistas apontavam para a entrega de 76 mil veículos neste período, mas as entregas foram de 63 mil unidades do Model 3. As projeções de entregas para este ano focam-se agora entre os 360 e 400 mil automóveis. Ainda assim, esse número está 110% acima do período homólogo do ano passado, mas uma quebra de 31% face ao trimestre anterior. No comunicado, a empresa afirma ainda que apesar dos desafios do trimestre, a fabricante ficou com dinheiro em caixa suficiente. Em dezembro, a Tesla havia somado dois trimestres consecutivos com lucros.