O segundo trimestre de 2024 permitiu ao Estado arrecadar 76,7 milhões de euros em Imposto Especial de Jogo Online (IEJO), mais 29,5% que no período homólogo, revela a Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO). Os números resultam da análise ao relatório do segundo trimestre de 2024 do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), publicado no website daquela entidade.

O montante do imposto cobrado equivale, por exemplo, ao total de novos depósitos a prazo que as empresas portuguesas realizaram em 2023, segundo dados do Banco de Portugal. Deste total, cerca de um quinto das receitas do IEJO, 15,34 milhões de euros, será canalizado para o financiamento das federações desportivas.

Face ao trimestre homólogo, o valor do IEJO cresceu, mais do que as receitas brutas de jogo, que subiram 27,1% em relação ao trimestre homólogo de 2023.

Este crescimento é “alicerçado no incremento das apostas desportivas e casino (+19,4% e +36,5% que no trimestre homólogo, respetivamente) que tiveram, no entanto, resultados muito semelhantes ao trimestre anterior”, escreve a APAJO em comunicado, com as apostas desportivas a subirem apenas 2,7% e os jogos de fortuna ou azar a baixarem 1,1%, “isto apesar do Euro 2024 que fazia antecipar resultados superiores”.

O crescimento do jogo online tem sido baseado também na transferência do consumo do entretenimento para ambientes digitais e regista-se nos casinos territoriais nova retração das receitas brutas face ao trimestre homólogo (4,5%), tal como já tinha acontecido nos dois trimestres anteriores.

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O número de novos registos de jogadores está em queda pelo segundo trimestre consecutivo, embora número de contas ativas tenha subido cerca de 9% (cada jogador pode ter várias), para 1,2 milhões, “algo natural num período de Europeu de Futebol, que atrai jogadores mais ocasionais”, nota a APAJO.

O Euro 2024 destacou-se igualmente entre os eventos que registaram mais volume de apostas no trimestre, 61 milhões de euros, cerca de 13% do total do montante apostado pelos jogadores.

O número de novas autoexclusões reduziu face ao trimestre passado, com a taxa de crescimento trimestral do total de autoexclusões a manter-se estável em torno dos 9%.

Os dados do relatório trimestral do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos são publicados a par da das conclusões do estudo anual Hábitos de Jogo Online dos Portugueses da APAJO, que evidenciam o trabalho que ainda é necessário fazer para atrair os consumidores portugueses de jogo online que se mantêm a apostar operadores ilegais, e que são pelo menos 40%.

"As redes sociais têm sido o veículo principal para os portugueses tomarem contato com os operadores ilegais onde jogam – muito por força de influencers que a APAJO tem vindo a denunciar", escreve a associação.