Cibersegurança, RGPD, teletrabalho e até provas de vinhos, estão entre os cursos que podem ser encontrados na plataforma NAU, mas a oferta vai ser alargada nos próximos meses com a adição de cursos dedicados a inteligência artificial, blockchain e IoT, primeiro em formação básica e mais tarde em módulos mais avançados, adiantou ao SAPO TEK Nuno Feixa Rodrigues, coordenador-geral do INCoDe.2030.

A plataforma de ensino a distância, com cursos abertos e acessíveis (conhecidos como MOOC - Massive Open Online Courses), foi desenvolvida pela unidade FCCN da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)  e está ativa há dois anos,  contando já com mais de 114 mil pessoas inscritas e um total de 174 cursos, dos quais 34 estão ativos. Todos gratuitos e dirigidos a diferentes níveis de competências.

“É um número relevante para uma plataforma de conteúdos em português e que cresceu de forma orgânica”, explica.

Em entrevista ao SAPO TEK, Nuno Feixa Rodrigues admite que o crescimento tem vindo a ser progressivo, mas que desde a primeira fase da pandemia a progressão tem sido mais rápida com muitas pessoas a procurarem cursos online para aumentarem as suas competências em várias áreas, e as empresas e organismos a recomendarem esse tipo de formação.

“Vemos uma valorização diferente da formação”, explica o coordenador do programa INCoDe.2030 que tem também uma aposta importante no reforço das competências dos portugueses, através da qualificação inicial, mas também da formação ao longo da vida.

Nuno Feixa Rodrigues, coordenador InCoDe2030
créditos: INCODE2030

Nuno Feixa Rodrigues acredita que com estas formações é possível quebrar ideias pré concebidas em relação à formação e qualificações, e sublinha que os cursos têm uma taxa elevada de finalização e que cerca de 50% dos participantes obtêm os certificados. É uma taxa muito elevada para cursos MOOC, sublinha, lembrando que um dos problemas normais nestas plataformas é a consistência e a capacidade de chegar ao fim das formações.

Diversidade de cursos e de parceiros

A variedade de cursos que estão disponíveis na plataforma é grande e essa é uma das vantagens sublinhadas por Nuno Feixa Rodrigues. “Eu próprio fiz um curso de iniciação à prova de vinhos, que está especialmente bem conseguido e foi feito em parceria com o Turismo de Portugal”, explica o coordenador do INCoDe.2030

Entre os cursos disponíveis na plataforma, o RGPD para Cidadãos Atentos do INA é o que tem mais utilizadores inscritos, seguindo-se o Cidadão Ciberseguro do CNCS e a Higiene das mãos na prevenção de infeções da DGS. Estão todos a decorrer e são uma boa prova de que há interesse em abordar temas diversos, que ajudam a promover conhecimento em algumas áreas, ou reforçar conceitos.

plataforma NAU

“Há uma necessidade intrínseca que as pessoas sentem de ter mais conhecimento [sobre as temáticas do digital] quer para a nossa vida pessoal quer profissional”, afirma Nuno Feixa Rodrigues, garantindo que aqui a plataforma NAU pode ter um papel determinante em aumentar a literacia dos portugueses.

O nível baixo de qualificação é um dos pontos fracos de Portugal mas a situação está a mudar e a plataforma NAU quer estar alinhada com este desenvolvimento de competências, ajudando a criar “um circulo virtuoso” para que as pessoas continuem a fazer formação ao longo da vida.

“A NAU tem um conjunto de conteúdos que cobrem a necessidade intrínseca de competências a nível pessoal e profissional”, defende, apesar de admitir que há um desafio importante a superar nos grupos de pessoas com necessidades mais básicas, onde a formação tem de ser complementada com atividade presenciais e com programas diferentes de apoio à formação, como alguns dos que estão a ser desenvolvidos.

Inteligência artificial, blockchain e IoT: conceitos básicos em curso

Em preparação está também o desenvolvimento de cursos de formação inicial em tecnologias de cursos de inteligência artificial, blockchain e IoT. “São áreas em que queremos ter mais formação e qualificação na Administração Pública”, afirma, defendendo que são tecnologias relevantes e que o INCoDe.2030 quer avançar com cursos de formação inicial nesta área.

“Para conseguirmos utilizar estas tecnologias, para as compreendermos, para sabermos até os riscos e as potencialidades destas ferramentas, temos de perceber minimamente como é que elas funcionam e isto é um objetivo que estamos a perseguir”, sublinha.

O primeiro curso vai ser sobre Inteligência Artificial e está a ser desenvolvido com a Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial (APPIA) e o objetivo é que esteja pronto nos próximos 3 meses, explica Nuno Feixa Rodrigues, reforçando que depois haverá módulos mais avançados nestas tecnologias, com aplicações concretas em cada uma das tecnologias.

Ao longo de 2021 o coordenador do INCoDe.2030 quer ter todos os cursos iniciais prontos, com vários parceiros.

Para a Administração Pública está a ser preparado um plano de formação mais específico, até no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e com o Ministérios da Modernização Administrativa, para qualificação e requalificação. Este plano terá também uma dimensão que passará por cursos MOOC que ficarão alojados na NAU, sublinha o coordenador do INCoDe.2030.

Parcerias em desenvolvimento

A NAU é apenas a plataforma, garantindo o alojamento dos cursos e a qualidade técnica do serviço e apoiando o desenvolvimento das formações, a estruturação e a gravação de vídeos, mas os conteúdos são da responsabilidade dos parceiros. E o objetivo é continuar a alargar o número de entidades com ações de formação disponíveis na plataforma. “Estamos ativamente à procura de parceiros”, afirma.

Ao contrário do que acontece noutras áreas de formação, não há um processo formal de certificação dos cursos, nem está no horizonte da NAU desenvolver este tipo de “filtragem”, mas há uma preocupação clara com a qualidade, como sublinhou o coordenador ao SAPO TEK.

Nos planos da plataforma está também o desenvolvimento de maneiras mais formais de validar os certificados emitidos, que agora passam por um processo de resposta a um questionário e validação das respostas certas. Essa certificação ficará a cargo de terceiros, com regras específicas, como acontece já em muitos cursos online.

Sem querer comprometer-se com objetivos de número de utilizadores, Nuno Feixa Rodrigues é muito assertivo a garantir que o NAU quer ter mais utilizadores que participem nos cursos e que completem as certificações.

“O que nos interessa não é apenas os utilizadores, é ter cursos que as pessoas frequentam e terminam”, afirma, admitindo que é possível duplicar os números em 2021 pela “alteração de práticas e valorização das iniciativas digitais”, e também pelo arrastar da situação pandémica que ainda enfrentamos.

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