Embora as redes sociais e plataformas digitais estejam a tomar medidas para travar a propagação de conteúdos falsos relacionados com a guerra na Ucrânia, há publicações que continuam a ser partilhadas, sobretudo no TikTok, como revela uma nova investigação.

De acordo com a NewsGuard, que levou a cabo duas experiências no TikTok, conteúdos falsos eram recomendados a novos utilizadores a cerca de 40 minutos após criarem uma conta na rede social.

Além disso, ao pesquisarem por termos como “Ucrânia” ou “Dombass”, os especialistas verificaram que o Top 20 de resultados continha múltiplos vídeos com desinformação acerca do conflito.

Em linha com a investigação levada pela NewsGuard, uma análise da BBC demonstra algumas das categorias mais populares no que toca a conteúdos falsos no TikTok acerca da guerra na Ucrânia.

Os livestreams falsos têm vindo a reunir um elevado número de visualizações desde o início do conflito. Neste caso, os criadores recorrem a vídeos militares antigos ou descontextualizados, adicionando áudio dramático, como explosões ou tiros, e, assim que notam que têm um público suficientemente grande começaram a pedir donativos.

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Uma das contas analisadas tinha já perto de 30 milhões de visualizações em meados de março, no entanto, quase todos os livestreams realizados eram compostos por clipes de um vídeo treinos militares ucranianos de 2017.

Vídeos de conflitos antigos, ou até em outros países, estão a ser utilizados para propagar desinformação acerca da guerra na Ucrânia. Por exemplo, um vídeo que demonstra o que parece ser um combate intenso entre tropas russas e ucranianas ultrapassou os 7 milhões de visualizações, porém, o mesmo foi gravado em 2014 na Chechénia durante um ataque de um grupo jihadista.

Os videojogos estão também a ser usados para fake news acerca da guerra na Ucrânia, assim como clipes vindos de filmes e séries, ou até de partidas de Airsoft, como demostra um vídeo cujas visualizações rondavam a marca dos 24 milhões.

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À semelhança de outras redes sociais, como o Facebook ou Instagram, o TikTok também colabora com fact-checkers, se bem que a uma escala menor. No entanto, ao contrário de outras plataformas, a rede social não disponibiliza as ferramentas adequadas a quem está a tentar travar a propagação de desinformação.

Em declarações à BBC um porta-voz do TikTok afirma que a empresa continua a responder à crise na Ucrânia com medidas adicionais de segurança, de modo a detetar ameaças e a remover desinformação. A empresa indica ainda que está a trabalhar para adicionar novos recursos de moderação e fact-checking em russo e ucraniano.