Cientistas do projeto SETI (sigla para Search for Extraterrestrial Intelligence Institute) e da universidade da Pensilvânia (Penn State) anunciaram ter usado radiotelescópios para procurar sinais de comunicações alienígenas entre os sete exoplanetas no sistema TRAPPIST-1.
No centro do TRAPPIST-1 está uma estrela anã vermelha e alguns dos seus sete exoplanetas encontram-se na zona habitável do sistema, onde poderá existir vida. Fica a cerca de 40,66 anos-luz da Terra, mas, até à data, os cientistas não encontraram indícios de sinais de civilizações.
A equipa de investigadores utilizou um conjunto de radiotelescópios dedicado ao SETI, localizado na Califórnia, o Allen Telescope Array e procuram durante 28 horas por sinais extraterrestres no sistema. Foi, segundo o comunicado, a mais longa pesquisa de sinais de rádio do TRAPPIST-1 com um único alvo.
Veja as imagens do sistema TRAPPIST-1 descoberto há mais de sete anos
“Esta investigação mostra que nos aproximamos da deteção de sinais de rádio semelhantes aos que enviamos para o espaço”, disse Nick Tusay, estudante de pós-graduação da universidade. Com equipamentos melhores, “como o futuro Square Kilometer Array (SKA), poderemos em breve conseguir detetar sinais de uma civilização alienígena a comunicar com a sua nave espacial”.
Os cientistas acreditam que, se houver extraterrestres inteligentes a viver em algum dos sete planetas TRAPPIST-1, se conseguirá captar sinais de rádio enviados entre os planetas. Não se pensa necessariamente que existam vários planetas habitados, mas espera-se encontrar algum tipo de comunicação como as que acontecem entre a Terra e os rovers Marte.
É plausível que, se houver outra civilização, esta poderá estar a explorar mundos próximos e a enviar comunicações para as suas naves espaciais. Na imagem, está ilustrado o que pode acontecer: quando o planeta em forma de Saturno envia uma mensagem para o planeta verde mais pequeno, algumas dessas ondas de rádio podem escapar e chegar à Terra.
A equipa analisou uma vasta gama de frequências. Mas procuraram apenas sinais numa gama estreita dessas frequências, o equivalente a procurar no rádio do carro a frequência específica de terminada emissora.
Foram identificados milhões de sinais potenciais, que depois foram reduzidos aos prováveis: 11 mil. Em seguida reduziram ainda mais esse conjunto. “Se uma civilização extraterrestre estiver a enviar uma mensagem para outro planeta que esteja diretamente no nosso caminho, essas mensagens podem vazar para a Terra”. Assim, os sinais que chegaram durante as ocultações planeta-planeta deixaram 2.264 sinais, mas “nenhum era de origem não-humana”.
Neste tipo de estudos, os telescópios, mesmo apontados para o espaço, captam sinais terrestres, situação que tem piorado com a crescente quantidade de objetos na órbita da Terra. Em suma, todos os sinais suspeitos detetados não eram provenientes do TRAPPIST-1, mas sim de fontes humanas. A equipa acredita, no entanto, que está “mais perto de encontrar um sinal não-humano” devido à atualização do telescópio e ao aumento da prática na identificação de fontes humanas.
O projeto integra o trabalho de estudantes de licenciatura do programa SETI Institute Research Experience for Undergraduates (REU), de 2023, que procuraram sinais de órbitas humanas em torno de Marte para verificar se o sistema conseguia detetar sinais corretamente, explicou Sofia Sheikh, do Instituto SETI.
Os cientistas vão continuar a aperfeiçoar as técnicas e a explorar novos sistemas, utilizando telescópios ainda maiores que possam captar sinais mais fracos.
O Astronomical Journal vai publicar um estudo da equipa e já está disponível uma pré-impressão do mesmo no arXiv.
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